Penso Logo Invisto: O impacto da evolução da Bolsa de Valores em Angola para os Investidores

O processo de evolução da Bolsa de Valores em angola e respectivamente do mercado de capitais, deve ser observado em duas componentes: (i). Eventos que foram determinantes para o surgimento de uma bolsa de valores funcional; (ii). Evolução contranatura da bolsa de valores em Angola.

Relativamente aos eventos que foram determinantes para o surgimento de uma Bolsa de Valores funcional, a semelhança das congéneres lusófonas que abraçaram o projecto de bolsa de valores no final da década de 90, o caso de Angola não foi diferente em termos de percurso, isto é a génese do projecto Bolsa de Valores em Angola, remota o ano de 1997 e posteriormente os outros eventos directamente ou indiretamente culminaram com a criação da primeira Bolsa de Valores funcional, no caso a BODIVA em 2014.

Quanto ao segundo ponto, considerado como a evolução contranatura da bolsa de valores, circunscreve-se no facto da maior parte das realidades o mercado surgir primeiro e posteriormente o quadro regulatório e o caso de Angola foi o contrário.

Sem prejuízo do mercado não ter surgido de forma ortodoxa por questões estruturais relacionadas fundamentalmente com a importância do “Primeiro passo” face a inércia do nascimento espontâneo do próprio mercado, verificou-se que a evolução da Bolsa de Valores em Angola no stricto sensu, isto é, a partir de 2014 foi certamente acompanhado de alguns marcos interessantes a destacar:

1. Segmentos de Mercado: De 2014 – 2022 de acordo com os relatórios publicados pela BODIVA, foram lançados cerca de oito (8) segmentos de mercado, com particular destaque ao Mercado de Bolsa de Títulos do Tesouro (“MBTT”) que possibilitou o alcance de uma maior profundidade do mercado através da multilateralidade das operações executadas em bolsa. Alinhado ao MBTT ainda no espectro do mercado de bolsa, um outro marco que colocou a BODIVA no radar a nível dos mercados com empresas cotadas, foi o lançamento do Mercado de Bolsa de Acções (MBA) que em 2022 representou 1.56%.
2. Alargamento da Base de Investidores: Uma das variáveis objectivas para se determinar o crescimento da base de investidores é o número de contas de custódia existentes. Nesta conformidade, como podemos verificar abaixo, 2022 encerrou com cerca de 64.031 contas de custódia (Contas de registo individualizado de títulos), representando um crescimento de 155.87% face ao período homólogo e os factores que levaram ao respectivo alargamento da base de investidores, estão associados fundamentalmente: (i). Criação das contas de custódia durante as Ofertas Públicas de Venda do BCGA e do BAI e (ii). Criação das contas de custódias resultantes das subscrições de fundos de Investimentos e (iii). A simplificação de processos de abertura das contas utilizadas por parte de alguns Membros BODIVA.

     3. Montante Negociado: Certamente além do alargamento da base de investidores, nos últimos anos verifica-se que a evolução do mercado de capitais, está intrinsecamente associado ao aumento do montante negociado, isto é quanto maior for o montante negociado e respectivamente a base de investidores, maior será o nível de evolução do próprio mercado. Deste modo de 2016 até 2022 as transacções na BODIVA representaram um aumento de 327.52%, com uma média anual de Kz 898,42 mil milhões conforme abaixo identificado

Face a processo de evolução da bolsa de valores angolana de forma especifica e extensivamente do mercado de capitais em angola, certamente o impacto para os investidores configura-se como sendo positivo e desafiador, uma vez que hoje o investidor além de estar integrado em um sistema centralizado de valores mobiliários, consegue monitorar todo seu investimento em valores mobiliários de forma rápida e cómoda através da carteira do investidor lançada pela BODIVA.

Deste modo, em virtude desta evolução, hoje o investidor tem um leque de instrumentos financeiros alternativos aos tradicionais oferecidos pela Banca e acima de tudo considera-se cada vez mais que a evolução do mercado resultou em uma maior penetração das acções de educação financeira, fazendo cada vez mais sentido para o investidor a frase “Penso Logo Invisto!”