"Neste momento, as empresas associadas tiveram algum desastre e estão a fazer o levantamento e avaliação do custo e tempo de recuperação para submeter ao Governo e ver qual solução é que poderemos arranjar", disse esta Quarta-feira o presidente da Associação de Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (ECODIMA), Raul Mateus.
Em declarações à Lusa, no terceiro e último dia da paralisação dos taxistas em Luanda, após dois dias consecutivos de tumultos, actos de vandalismo, arruaça e saques de estabelecimentos comerciais, o responsável admitiu que as empresas que tenham seguro de mercadorias poderão ser ressarcidas.
Raul Mateus disse não acreditar na existência de um seguro que cubra o vandalismo, devido aos "custos altíssimos", dando conta, no entanto, que já decorrem contactos com as autoridades governamentais visando atenuar as despesas das empresas afectadas.
"Acredito que seguro do vandalismo não exista, porque é bastante caro, os custos são altíssimos, mas temos estado a abordar com o Governo no sentido de se arranjar formas de o Governo atenuar estas despesas para as empresas e tem sido um diálogo permanente", notou.
Sem avançar números, o presidente da ECODIMA disse que as empresas continuam a fazer o levantamento dos prejuízos, observado que o processo deve ser detalhado e com suporte legal, numa altura em que as empresas estão fechadas e sem funcionários.
"Fazer uma avaliação torna-se difícil, vamos aguardar, porque isso tem que ter sustentação documental para que sejamos credíveis e só começarmos a dialogar para ressarcir os prejuízos que as empresas tiveram", argumentou.
Vários armazéns de distintas redes comerciais que operam em Luanda foram vandalizados e pilhados, na Segunda e na Terça-feira, por vários cidadãos, na sequência da greve convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA), que já condenou e se demarcou de tais actos.
Cenas de pilhagens em estabelecimentos comerciais foram registadas igualmente nas províncias do Bengo e Icolo e Bengo, como noticiou a imprensa nacional e foi confirmado pela polícia nacional.
Raul Mateus justificou, por outro lado, que o encerramento de algumas empresas, na sequência das acções de vandalismo, visou salvaguardar a vida dos funcionários e clientes, referindo que as instituições aguardam por um comunicado das autoridades para a retoma segura dos trabalhos.
"Quando as autoridades emitirem um comunicado de que há estabilidade, então, nesta altura retomaremos a actividade comercial, mas ter em consideração que as empresas estão a ter prejuízos, até porque estão fechadas, no fim do mês têm encargos financeiros, têm de pagar salários e uma série de compromissos que não são reduzidos", apontou.
O líder da ECODIMA, que contabiliza 75 associados em todas as províncias, condenou os tumultos que ocorreram com pilhagens em armazéns e estabelecimentos comerciais, referindo que a acção foi um "aproveitamento de malfeitores".
"Segundo o que ouvi do comunicado da ANATA, os taxistas não motivavam açambarcar, isto é crime, tanto é que as populações em si nalguns bairros têm corrido com esses malfeitores (...), porque com isso o país perde, a economia perde e muita gente vai ao desemprego, o que devemos evitar", rematou o empresário.
Pelo menos 22 pessoas morreram e 197 outras ficaram feridas na sequência dos tumultos registados em Luanda, nos últimos dois dias, conforme anunciou esta Quarta-feira o ministro do Interior, Manuel Homem, garantindo que a situação de segurança pública no país "é estável".