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Charme Natura: paixão por cosméticos naturais transformou-se em profissão

A primeira empresa de produção de cosméticos naturais abriu portas no país no passado mês de Agosto. Os sabonetes, champôs, loções e velas aromáticas da Charme Natura são produzidos de forma artesanal e cerca de 70 por cento da matéria-prima utilizada na sua confecção é de origem nacional. Produtos que aliam beleza e tratamento tendo em conta o alto teor e preocupação dermatológica que apresentam. Eurico Adolfo, director da empresa, lembra que tudo começou com a criação de xaropes de ervas e elixires. Hoje, aquilo que era uma ocupação de tempos livres passou a ser a sua profissão.

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A primeira empresa nacional vocacionada para a produção de cosméticos naturais abriu portas. Como surgiu a criação da marca Charme Natura pelo grupo Evempresa?

A nossa empresa surgiu de forma espontânea. No início, nos nossos tempos livres, começámos por divertimento a fazer xaropes de ervas, elixires e processamento de ervas porque tínhamos excedente no jardim. Os xaropes e tinturas, que estão em grande uso para beber e para tratamento em casa, tinham sempre bom resultado no tratamento da tosse, gripes, dores musculares, dores de cabeça e insónias. O nosso interesse deu lugar a uma necessidade incessante de aprender mais sobre a transformação, utilização e aproveitamento de ervas, flores e óleos naturais. Começamos então a investigar, estudar, inventar, combinar e agora a nossa paixão transformou-se em profissão. Acreditamos e percebemos do que gostamos. O que queremos é produtos 100 por cento naturais, feitos à mão e embalados em materiais naturais. Problemas constantes de pele levaram à ideia de fazer o primeiro creme de ervas em casa e, em seguida, sabonetes e ideias para muito mais.

Numa fase em que o país atravessa uma crise financeira, torna-se arrojado apostar num projecto diferente. O que levou a apostar neste projecto?

Na verdade, esta crise financeira. Tornou-se realmente arrojado apostar num projecto diferente. Apareceu num momento muito oportuno principalmente para a empresa com relação aos seus produtos. Além disso, a dificuldade em importar cada vez mais os produtos cosméticos de beleza e/ou higiene pessoal deixou um grande vazio e espaço para criar a empresa que trabalha com produto local e que oferece respostas ao mercado, ou seja, a Charme Natura que é uma marca do grupo Evempresa. Se não tivesse sido pela actual crise que o país atravessa, o aparecimento da Charme Natura no mercado seria talvez um pouco mais difícil devido à concorrência. Com essa falta de produtos e a falta de divisas, torna-se difícil criar soluções para doentes, não só em termos de enfermidades e de dificuldades corporais de vária ordem, o que levou a produzirmos produtos naturais feitos à mão. Outro dos motivos que nos levou a apostar neste projecto foi a necessidade de reeducar a população no sentido de que existe um vasto potencial em termos de qualidade dos produtos naturais. Mostrar às pessoas que é possível e é mais saudável apostar neste tipo de produtos, acreditando que não é um processo fácil porque, se assim fosse, até a própria importação seria uma coisa normalmente simples. Tem que se acreditar e fazer com que nós, angolanos, possamos criar ou desenvolver outros patamares de bem-estar oferecidos pela natureza.

Que tipo de produtos disponibiliza a marca e quais os seus benefícios?

Os produtos que a marca disponibiliza são cosméticos, sabonetes, champôs, água hidratante, protectores labiais, cremes e ainda velas de cera natural e com aromas. A pele é o maior órgão do corpo humano correspondendo 16 por cento do peso total do corpo e exerce diversas funções, tais como: regulação de temperatura, defesa orgânica, controlo do fluxo sanguíneo e protector contra os vários agentes do meio que nos rodeia, como o calor, frio, pressão, dor e tacto. Daí surge a questão de que se a pele é um orgão de extrema importância e que absorve quase tudo o que entra em contacto com ela, porque não produzir sabonetes e cremes que não limpam e hidratam somente a pele mas, mais do que isso, podem ajudar a combater várias enfermidades da epiderme. Além disso, dá a todos a oportunidade de ter o seu spa ervanário em casa.

A matéria-prima utilizada nos produtos da Charme Natura é toda de origem nacional?

A matéria-prima utilizada nos produtos da Charme Natura é 70 por cento de origem local e a restante é importada de países como a Índia, o Gana e a Costa do Marfim. O nosso objectivo é mostrar cada vez mais o natural e almejar futuramente uma produção 100 por cento nacional. E não só para os angolanos, mas também a nível africano porque a Charme Natura é a melhor combinação de todos os nossos compatriotas, de tudo o que existe em África, não só em termos de natureza como também de conhecimento e tecnologia, criando uma maior possibilidade de combinar as plantas do continente africano.

A opção de produtos feitos à mão acarreta mais custos?

Sim. Os produtos feitos a mão acarretam mais horas de trabalho, exigem mais cuidados, atenção e dedicação na sua elaboração e mais pessoal envolvido na sua produção. Além disso, também exigem um certo carinho, um certo amor ou afeição na produção o que, na realidade, torna o produto um pouco mais caro que os produtos comerciais ou industrializados, cujo objectivo é produzirem o mais barato possível para depois serem vendidos a um alto preço e com baixa qualidade.

O que diferencia os produtos da Charme Natura das restantes marcas existentes no mercado?

A Charme Natura faz a diferença recolhendo o máximo de nutrientes para melhoramento da protecção, contendo princípios bioactivos naturais para a pele sem serem alterados, filtrados ou contaminados em laboratórios. Este processo garante que a sensação e o toque dos clientes ao experimentarem os nossos produtos seja a mesma que sentem quando comem uma manga ou um gelado de múcua, quando cheiram ou tomam um chá de caxinde, quando cheiram uma rosa ou um gerânio ou quando tomam um duche com a água de lavanda.

Qual a capacidade de produção diária da empresa?

Devido à crescente procura dos produtos, a marca tem investido no aumento da capacidade de produção actualmente estimada em 560 sabonetes, 600 champôs e 240 cremes por dia. Além dos produtos de marca própria produz outros solicitados por hotéis, spas ou salões de beleza.

Qual o impacto da abertura da empresa no mercado de trabalho nacional?

Ainda é um pouco prematuro falar do impacto da empresa tendo em conta que esta foi inaugurada há cerca de três meses. Até ao momento, já podemos fazer um balanço positivo melhor do que o que se previa. A criação da Charme Natura gerou a criação de nove postos de trabalho. Os funcionários têm entre 20 e os 34 anos e, em alguns casos, é o seu primeiro emprego o que lhes dá a possibilidade de adquirir um vasto conhecimento na combinação ou o casamento de loção corporal mais saudável.

A loja recentemente inaugurada está instalada em Luanda. A expansão no mercado nacional é um dos objectivos a curto prazo?

Sim, a loja esta instalada em Luanda mais precisamente em Talatona. A aposta passa por uma expansão tanto a curto, como médio ou a longo prazo, atendendo à realidade de uma empresa na elaboração das suas estratégias ou ataque ao mercado. Um dos objectivos da empresa é apostar na distribuição em rede. Neste momento temos uma loja para venda directa, mas faz parte do nosso projecto criar a possibilidade de pessoas singulares ou colectivas serem distribuidoras oficiais da nossa marca.

Qual o investimento despendido na criação da Charme Natura?

No investimento despendido para criar a Charme Natura alcançamos o “break-even point”, estimado em cerca de 210 mil dólares, tudo para iniciar a operação no país e daí que as despesas são equivalentes aos lucros.

Qual o público-alvo dos vossos produtos?

Todas as pessoas atendendo à realidade de que todos usam, precisam e carecem de cuidados dérmicos. Todo aquele cliente que quer o melhor para si.

A população mostra cada vez mais interesse em produtos cosméticos naturais?

De certa forma há mais interesse como já foi referido acima, tendo em conta que a crise financeira criou uma escassez de produtos naturais.

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