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Bispos lamentam corrupção que “drenou” o país e crise “sem fim à vista”

Os bispos católicos angolanos disseram esta Quinta-feira que as crises económicas cíclicas e o difícil acesso aos bens da cesta básica em Angola “parecem não terem um fim à vista”, considerando que a “corrupção gangrenosa” drenou o país.

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De acordo com os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), na sua Nota Pastoral sobre a Situação Social de Angola, apresentada esta Quinta-feira, em Luanda, a actual crise potencia o desespero das famílias, exortando-as a não perderem a esperança.

O documento, apresentado no final da reunião do Conselho Permanente da CEAST, que decorreu Quarta e Quinta-feira na capital, os prelados recordam que se aproxima o 11 de Novembro, data em que serão celebrados 48 anos de independência do país.

“Aqueles que sofreram na pele a brutalidade do sistema colonial viram naquele dia (11 de Novembro de 1975) o renascer das suas esperanças com a possibilidade do alcance da autodeterminação e a consequente criação de um Estado novo capaz de dar o melhor para os seus filhos”, recordam.

Os bispos consideram que o ponto de partida, de uma Angola independente, “foi confuso”, pois, observam, o que se aguardava como festa da paz, da fraternidade e da reconciliação, entre todos os angolanos, “deu lugar à guerra civil com toda a barbárie que se seguiu”.

“Nomeadamente a fome, a miséria, as deslocações da população, a insegurança, a improdutividade, a mendicidade, a desestruturação do tecido social, a perda dos valores morais e éticos e tantos outros males”, realçam.

Nesta nota pastoral, os prelados católicos assinalam, também, o alcance da paz “tão desejada por todos os angolanos” em 2002, após a guerra civil, que “deu oportunidade de ouro para voltar a erguer o país, mas, infelizmente, a corrupção drenou o país”.

“Infelizmente, se em 1975 a guerra civil obscureceu o nosso ponto de partida, de 2002 em diante foi a corrupção gangrenosa que drenou o país e o seus recursos oferecendo-os de mãos beijadas para o desenvolvimento de outras economias", declaram.

Para os bispos, apesar da crise financeira de 2008, da crise dos países produtores de petróleo de 2014, o país parece não ter "tirado as lições que se impunham" para melhorar "o modo de governar de alcançar o bem-estar duradouro para todos”.

“As crises económicas cíclicas, a depreciação da moeda, a perda do poder de compra e o consequente difícil acesso dos bens da cesta básica parece fazerem parte do quotidiano dos angolanos sem fim à vista”, lamentam.

Segundo a CEAST, diante deste quadro de crise, a “tentação maior é a do desespero, da resignação e da desistência”, mas defende que, apesar disso, os angolanos não devem "perder a esperança”.

“A esperança incentiva uma atitude de abençoada subversão que não se resigna diante das adversidades, a esperança olha sempre para além, onde esta realização pessoal e colectiva é possível, a esperança imprime uma grandeza de alma, um espírito aberto”, assinalam ainda.

Na reunião foi aprovada a agenda da primeira assembleia plenária dos bispos da CEAST de 2024, marcada para o mês de Fevereiro na província de Malanje.

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