José Oliveira entende que o contrabando de combustível em Angola, que ganha "contornos preocupantes" segundo as autoridades, deriva dos preços baixos praticados no país, referindo que a prática gera enormes lucros e movimento muita gente.
"Tem-se feito o combate (do contrabando), agora intensificou-se este combate, é algo que dá muitos prejuízos a Angola, mas não acredito que este contrabando desapareça completamente enquanto os preços dos combustíveis em Angola forem tão baixos", referiu em declarações à Lusa, após abertura da quinta edição da Conferência Angola Oil & Gas (AOG) 2024, que se iniciou esta Quarta-feira em Luanda.
O especialista e investigador saudou as acções em curso para o combate ao contrabando – desenvolvidas pela comissão interministerial criada recentemente pelo Presidente da República – acreditando, no entanto, não existir um horizonte temporal para o fim deste fenómeno.
Realçou que se está numa "fase intensiva de combate (do contrabando), há baixas", mas, frisou, passados meses volta a ressurgir e "ninguém tem a ideia que vai acabar, enquanto a diferença de preços entre Angola e os países vizinhos for tão grande".
Ciente de que o aumento dos preços dos combustíveis, com a remoção dos subsídios estatais, tem implicações negativas na condição socioeconómica das famílias angolanas, o especialista apontou para a necessidade de equacionar soluções para se travar o contrabando.
"Uma delas, e fundamental, é arranjar transportes públicos em condições nas cidades, porque um dos grandes problemas do aumento do combustível é que na cidade o cidadão comum sente (com as despesas nos transportes privados), porque não há transportes colectivos devidamente organizados que atendem a maioria, esses é que devem ser subsidiados e têm de ser organizados", salientou.
Zaire, Cabinda, Moxico, Lunda Norte e Lunda Sul são as províncias onde se registam semanalmente apreensões de grandes quantidades de combustíveis, que deriva do contrabando, um fenómeno que deu origem à criação de uma lei especifica com penas agravadas aos infractores.
Em relação ao actual panorama do sector petrolífero, o também investigador no Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola considerou que hoje o desafio de Angola é de descobrir petróleo.
Entende que a pesquisa de novos poços petrolíferos em Angola foi atrasada pela covid-19, acreditando que as acções em curso na província do Namibe e a pesquisas onshore, previstas para 2025, deve garantir produção contínua para depois de 2030.
"No fundo o que o país agora precisa é descobrir mais petróleo, porque temos garantido que vamos produzir a volta de 1 milhão mais uns anos, talvez até 2030, mas para produzir a esse nível depois de 2030 é preciso bastante petróleo", concluiu José Oliveira.