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Quatro coisas fundamentais que o Governo nunca devia esquecer

Samuel Chilua

Economista e pesquisador

A sociedade é constituída por diversas instituições, sendo que, o seu mau funcionamento significa um desregramento da própria sociedade. Emile Durkhein, interpreta a sociedade relacionando-a directamente com estudo dos factos sociais (maneira de agir, pensar e sentir exterior ao indivíduo e dotado de um poder coercitivo em virtude do que lhe impõem). Ora, trago neste artigo alguns meus pensamentos soltos, relativamente a determinados elementos que eu os entendo como fundamentais e imprescindíveis que o Governo nunca devia se esquecer. Conforme segue abaixo.

:

1.º - A palavra de Deus é um pilar de boa governação e tranquilidade social;

2.º - O poder do Governo foi-lhe emprestado temporariamente pelo povo;

3.º - A Comunicação entre o Governo e o Cidadão deve ser regular e contínua;

4.º - Se um pai é o exemplo do filho, logo, o governante é o exemplo do cidadão.

Daqui em diante passo a apresentar os comentários dos pontos acima mencionados.

1.º - A palavra de Deus é um pilar de boa governação e tranquilidade Social;

O Artigo 10.º da Constituição de Angola, consagra a laicidade do Estado, ou seja, a separação entre o Estado e as Igrejas. Todavia, apesar disto, não se reduz e/ou extingue a relevância e a imprescindibilidade da palavra de Deus sobre aqueles pelo qual recai o poder para decidir pela maioria.

Erra-se grosseiramente, quando Deus é posto do lado de fora na maior parte das decisões qua agente toma. Dizem os Jurista “Angola é um Estado de Direito”, que bela frase, entende-se que a lei é poderosa e existe para ser cumprida. Como economista fica aqui o desafio de poder trazer números para analisarmos o efeito multiplicador provocado nas estatísticas dos principais indicadores sociais, por um individuo que toma as suas decisões sem abdicar das instruções de Deus.

Patrocina-se diversas actividades de entretenimento, festas, Shows, Novelas, Maratonas e Outras, mas pouco ou nada para as actividades ligadas a Deus. Portanto, onde vamos chegar? Esta é a pergunta que apoquenta os nossos mais velhos.

Se a lei é tão poderosa e existe para ser cumprida, então porquê que muitos não a cumprem? Se olharmos para nossa realidade actual, vamos perceber que os relatos dos factos maléficos tem sido cada vez crescentes. O aumento do número de prisioneiros, de dependentes de estupefacientes, de violações, furtos e roubos, e outros tantos males. Fica claramente uma nuvem preta sobre a capacidade da lei por si em mediar o individuo de inclinar-se no mal.

2.º - O poder do Governo foi-lhe emprestado temporariamente pelo povo;

O governo é uma instância máxima da administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou Nação. Assim como aludem os sociólogos, “O homem é um ser eminentemente social” logo, para garantir a paz, o homem é obrigado a associar-se, mas, para que a sociedade seja funcional, é preciso primar-se fundamentalmente no direito e na justiça. Segundo Santo Agostinho, sociedade para se manter, precisa de um poder, de uma autoridade. Todo o poder deve ter como objectivo a justiça, que por sua vez tem o seu fundamento no amor.

Adestrando para os escritos de Marcel Prélot no seu livro intitulado “Doutrina Política”, a autoridade/poder governamental comporta 3 funções: O serviço do mando, o serviço de providência e o serviço de aconselhamento. Isto significa que: o que detém o poder deve em primeiro lugar saber mandar em si próprio para depois mandar os outros, não deve ser orgulhoso, vaidoso ou ter paixão de dominar. Em segundo lugar, deve prever quais os verdadeiros interesses do Estado e servir esses mesmos interesses. E por fim ser conselheiro do povo e considerar os súbditos como irmãos.

3.º - A Comunicação entre o Governo e os Cidadão deve ser regular e continua;

Ninguém gosta de estar num sítio e sentir-se excluído no que fazem e perspectivam. O cidadão em muitos casos fica alheio ao que se passa a nível das principais decisões governamentais. Mas afinal a quem recai a culpa? Uns defenderão naturalmente que isto deve-se a falta de interesses dos cidadãos, verdade em parte, mas no entanto, ainda há muito que se fazer neste campo, porque há um grande fosso entre o governo e os cidadãos.

A União Europeia é dotada de um lema de união, em latim “In Varietate Concordia” (em português Unidos na diversidade), isto remete-nos a uma sinergia grandiosa na luta dos problemas social. Ora, no novo paradigma de boa governação, a UNO traz a ribalta a necessidade de um estreito relacionamento entre o governo e o cidadão, i.e., não importando as nossas diferenças, sejam elas, cor partidárias, origem étnica, hábitos e costumes, confissão religiosa, o que de facto importa é que somos todos angolanos e militamos para a maximização da felicidade de todos.

4.º - Se um pai é o exemplo do filho, logo, o governante é o exemplo do cidadão;

Tanto um pai como um governante, apesar de não ser rigorosamente como devia, são tidos como líderes. Ora bem, grandes líderes são aqueles que conseguem agregar outras pessoas às suas ideias, influenciando positivam o sistema em que estão inseridos e contribuem para o crescimento de todos em sua volta. O verdadeiro sucesso de um líder reside no legado que ele constrói durante o exercício de sua missão.

Se um pai não for suficientemente capaz de ser um exemplo vivo para seu filho, então, não se surpreenda quando o filho buscar exemplo de desconhecidos.

A população angolana é maioritariamente jovem, razão pela qual, os governantes devem se acautelar para liderar pelo exemplo, caso contrário, por mais alto nível de instrução que a juventude tenha, o pensamento de lutar para estar numa posição privilegiada para “michar” será lamentavelmente constante e infindável.

Contudo, nos ensina Nelson Mandela “O que vale na vida, não é o simples facto de termos vivido. É a diferença que fazemos na vida de outras pessoas que irá determinar o significado da vida que levamos”.

 

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Samuel Chilua

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