"Temos hoje uma cobertura estimada de 56 por cento. E a pergunta que impera é: se o sector da água é tão importante, como é que ainda estamos apenas com esta cobertura? Angola é um país grande, em que a densidade populacional cresce a olhos vistos, e penso que quer para o sector das águas, quer para o sector da energia ou outros sectores, é difícil termos uma cobertura que acompanhe o desenvolvimento da população. Vamos, naturalmente, dando o nosso melhor e procurando os financiamentos para que possamos melhorar a questão do abastecimento de água no país", referiu a Directora Nacional de Águas, Elsa Ramos.
Para Alban Nouvellon, um dos grandes desafios enfrentados em Angola é a "operacionalização e a manutenção dos sistemas existentes". "Temos um grande desafio em manter as inversões que estão feitas. Uma inversão feita que não está a funcionar ou não está a dar 100 por cento da sua capacidade, é um desafio grande. Outro desafio é o facto de termos uma parte da população sem acesso a infra-estruturas. O que significa que também não podemos focar somente na reparação dos sistemas que temos, pois isso significa que aqueles que ainda não têm acesso a esses sistemas, vão enfrentar um prazo muito mais longo", afirmou o Chefe da Secção de Água, Saneamento e Higiene da UNICEF.
Também sobre a manutenção das infra-estruturas existentes, Elsa Ramos realçou que um dos principais desafios é a "falta de quadros e técnicos capacitados". "Temos muito poucos quadros vocacionados para o sector das águas. A nível das universidades em Angola, esta área hidráulica e a formação de recursos neste sector praticamente não existe", afirmou a Directora Nacional de Águas, que aproveitou para enaltecer a parceria de longa data com a UNICEF, ao nível de financiamento e disponibilidade de recursos.
Na mesma linha, Alban Nouvellon defendeu que as parcerias e colaborações institucionais, bem como a coordenação a nível nacional, provincial e municipal, são "fundamentais". "Além da importância da informação – quantas infra-estruturas temos, quantas pessoas precisam dessas infra-estruturas, entre outros aspectos –, é também crucial a coordenação entre o sector. Temos actualmente o Fórum Nacional de Água e Saneamento, uma plataforma multi-actores, a nível nacional, justamente para falar sobre as necessidades do sector. É um óptimo espaço, mas também devemos pensar noutras formas de colaboração e parcerias, nomeadamente entre os sectores público e privado."
Para os dois responsáveis, a solução deve também passar pelo envolvimento das comunidades locais. "Precisamos destas comunidades, pois são eles os utilizadores. Através dos municípios, dos governos provinciais e dos parceiros que querem ajudar, temos de chegar às comunidades, falar com eles, entender a sua realidade e as suas necessidades efectivas, no sentido de encontrar uma solução que responda, verdadeiramente, a essas necessidades. Além disso, temos também de envolver e formar a população. Uma pessoa dificilmente vai passar de não ter nenhum sistema de água a entender todo um sistema de água em apenas alguns meses. É necessário haver essa sensibilidade e inclusão nos projectos, para também contribuirmos para este desenvolvimento e empoderamento comunitário", afirmou Alban Nouvellon.
O projecto '60min ECO' tem como missão promover e moderar o diálogo sobre diferentes questões ambientais, sociais e de sustentabilidade, estimular a participação activa das partes, para que forneçam contributos para fundamentar uma análise crítica das questões de sustentabilidade em Angola, e incentivar valores como a responsabilidade social, justiça ambiental e o respeito pela natureza.
A dinamização do '60min ECO', pela Direcção de Sustentabilidade do SBA, integra-se num conjunto de iniciativas, em diversos âmbitos de actuação (social, económico e ambiental), para integrar de forma abrangente a sustentabilidade na cultura do banco, no dia-a-dia das suas operações e no seu negócio, e reforçar o compromisso com a sociedade angolana.