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Opinião A opinião de...

Factores que afectam a disponibilidade de água potável em Luanda

Paz Paulo António

Estudante angolano do curso de Mestrado em Engenharia Agrícola e Ambiental na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Angola é um país privilegiado, com uma rede hidrográfica muito rica, possui vários reservatórios de água que se forem bem geridos podem suprir desde as necessidades mais básicas às mais complexas da população.

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Muitas são as famílias residentes em Luanda, desconhecem o som do jorrar da água de uma torneira, motivo pelo qual, integrantes dessas famílias vêem-se obrigados acordar cedo para percorrerem longas distâncias em busca do precioso líquido, no intuito de suprirem as suas necessidades como saciar a sede e realizarem suas tarefas domesticas ou tarefas relacionadas ao seu ganha pão.

Para os que possuem transporte pessoal se torna numa tarefa menos pesada em relação àqueles que precisam carregar os garrafões (bidons) de 20 litros no carro-da-mão, mas algumas pessoas usam a cabeça para carregar bacias com água. Atento a esta situação, o presente artigo de opinião tem como objectivo descrever factores como a má gestão, a ausência de Estações de Tratamento de Água (ETA) e o crescimento populacional descontrolado, que podem comprometer a disponibilidade de água tratada e a sua distribuição entre os aglomerados populacionais na capital do país (Luanda).

O crescimento populacional é um factor que contribui para a problemática relacionado ao abastecimento de água, na medida em que a população vai crescendo a demanda vai aumentar e por outro lado tem o factor uso irracional da água por parte da população.

O mau uso de um determinado recurso pode comprometer a sua disponibilidade, assim é o caso da água. Muitos são os moradores que não se atentam ao uso racional da água, deixam torneiras abertas mesmo quando não estão usando, não controlam o desperdício de água ao realizar lavagens de viaturas, ao irrigar plantas e no momento de limpeza da casa.

Gestão sobre o abastecimento de água

É de salientar que a situação actual sobre o abastecimento de água, que a população enfrenta, não está relacionada à escassez desse recurso, mas sim ao planeamento e às políticas hídricas não eficazes e uso irracional, que acabam contribuindo fortemente para o cenário da má gestão deste recurso.

Como resultado dessa ineficácia, muitos são os moradores que se mostram insatisfeitos com os serviços prestados pela Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL), pois ela não consegue suprir as necessidades dos seus consumidores. Factores como a irregularidade no abastecimento e problemas com as canalizações comprometem os serviços prestados pela empresa.

De acordo com Costa e Assís (2019), um sistema de abastecimento de água pode ser concebido e projectado para atender pequenos bairros e grandes cidades. As zonas periféricas acabam sendo as mais afectadas pela falta de água, embora sejam zonas com poucas infraestruturas, é preciso lembrar que nesses lugares existem vidas e a água faz parte da manutenção de todos os seres vivos. Diante dessa triste realidade, deve-se procurar melhorar o sistema de abastecimento, de modo que todos tenham acesso a água potável.

Estações de tratamento de água (ETA)

A ETA pode ser compreendida como um local em que se realiza a purificação da água captada de alguma fonte para torná-la própria para o consumo e assim utilizá-la para abastecer a população. A ausência destas contribui para o abastecimento da água de baixa qualidade. Neste intento, é necessária a implementação de mais ETA no país, tendo em conta que a água para o abastecimento público pode ser captada directamente de um lago, de uma represa ou de um rio, pode conter impurezas altamente prejudiciais à saúde se for consumida sem tratamento algum.

É importante que as três fases de tratamento, física, química e biológica, sejam cumpridas e bem realizadas, de modo a reduzirem o nível de contaminação. Neste sentido, a disponibilidade de meios tecnológicos é de suma importância para o tratamento e para a monitorização das ETA.

As infraestruturas de abastecimento, deve acompanhar o crescimento da cidade, tendo em conta que o crescimento da população pode gerar problema de abastecimento, é o que se vê no país, muitos municípios cresceram e continuam a crescer em terno de habitantes, mas infelizmente as infraestruturas de abastecimento continuam as mesmas, pois a procura de fontes alternativas de água, pode gera problemas futuros nos reservatórios e irá comprometer a qualidade de água, uma vez que forem usadas de forma incorrecta.

Face a essa situação, é importante criar programas (palestras e mini-cursos sobre a preservação e conservação dos recursos naturais) no intuito de consciencializar a população. A reestruturação e manutenção nos canais de abastecimento podem ser apontados como meios para solucionar esse problema.

Recomendações

E ainda, seria bom se o governo criasse um acordo entre a EPAL e as universidades e escolas técnicas do ensino médio, com o intuito de os estudantes dos cursos de Mecânica, Construção Civil, Metalomecânica e Hidráulica pudessem realizar o estágio do final de curso no sector responsável pelo abastecimento de água pública, aumentaria a mão-de-obra e reduzia os gastos que são investidos para o concerto dos equipamentos.

Portanto, faz-se necessário pensar sobre a implementação de sistemas de reuso da água, assim como na classificação do uso das águas, de modo a mitigar os factores que afectam a disponibilidade desse líquido que faz parte da vida de todo ser vivo.

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Paz Paulo António

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