Na sequência da violência que marcou o primeiro dia da greve convocada por taxistas contra o aumento dos combustíveis, a capital vive esta Terça-feira num estado aparentemente letárgico, como em dias de pandemia, constatou a Lusa em vários locais.
O silêncio domina as principais avenidas, onde normalmente circulam milhares de veículos e mototáxis, os meios de transporte mais usados pela população, mas a visibilidade da polícia, relatos de tiroteios e pilhagens, bloqueios de estradas revelam que a tensão permanece.
Estabelecimentos comerciais, bancos e diversas instituições mantiveram esta Terça-feira as portas fechadas e muitas empresas optaram por colocar os funcionários em regime de teletrabalho, temendo pela segurança, após os episódios de pilhagem, barricadas e vandalismo ocorridos no dia anterior.
A Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) tinha anunciado, há mais de 20 dias, uma paralisação pacífica entre 28 e 30 de Julho, sob o lema "fica em casa", para protestar contra a retirada dos subsídios aos combustíveis. No entanto, após negociações com o Governo Provincial de Luanda, a ANATA recuou, e na Segunda-feira demarcou-se dos actos de violência e anunciou o cancelamento da greve.
Ainda assim, o impacto da convocatória manteve-se e os protestos descontrolaram-se.
Esta Terça-feira os populares "candongueiros" (táxis azuis e brancos) continuam parados e os serviços de transporte por aplicativo também não dão resposta à procura, segundo passageiros ouvidos pela Lusa.
Na Segunda-feira, registaram-se confrontos violentos em vários pontos de Luanda, onde se ergueram barricadas com pneus em chamas, foram saqueadas lojas e agredidos automobilistas.
Há registo de mortos e feridos, em confrontos com a polícia, mas as autoridades não confirmaram ainda o número de vítimas mortais.
O ambiente continuou agreste durante a noite, sobretudo em bairros periféricos como a Estalagem, em Viana, onde foram reportados disparos e ataques a viaturas por grupos de jovens em fúria.
Esta Terça-feira, continua a ser visível o reforço policial nas ruas, com presença de viaturas militares em pontos estratégicos.
Os protestos violentos ocorrem num contexto marcado pela recente subida dos preços dos combustíveis, após o corte gradual dos subsídios estatais, medida que tem gerado forte contestação social em todo o país.