"Estamos a acompanhar com alguma apreensão o evoluir da situação de vandalismo que, desde ontem [Segunda-feira], eclodiu na nossa capital [Luanda]. É verdade que estamos a viver momentos muito difíceis de pobreza e miséria no nosso país, mas não podemos aproveitar este motivo para vandalizar e destruirmos tudo aquilo que com muito sacrifício fomos construindo", afirmou esta Terça-feira o arcebispo católico angolano José Manuel Imbamba.
Em declarações à Emissora Católica de Angola, sobre os episódios de vandalismo e violência que se registam desde Segunda-feira, em Luanda, na sequência da paralisação dos taxistas, José Manuel Imbamba, também presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), apelou ao civismo e ao diálogo.
Pediu contenção aos jovens, "para que o civismo fale mais alto e que o diálogo permaneça" entre os angolanos e as suas instituições, apontando também para a necessidade de maior humildade e serenidade para abordar e encarar os "problemas sem animosidades que destruam tudo" quanto já foi construído.
"Imploro a Deus que derrame as suas bênçãos sobre todos nós para podermos nos incluir mais, trabalharmos juntos e construirmos os nossos sonhos na base da solidariedade, do desenvolvimento, do respeito e da dignidade da pessoa humana", concluiu o líder da CEAST.
A greve dos taxistas, convocada pelas associações da classe, cumpre esta Terça-feira o segundo dia, marcado por pilhagens, barricadas, saques de estabelecimentos comerciais e actos de violência, acções já repudiadas pelas autoridades e demais actores da sociedade civil.
O Conselho Islâmico de Angola (CONSIA), em comunicado divulgado esta Terça-feira, aconselha a população a pautar-se pela urbanidade, civismo e ordem nas reivindicações dos seus direitos, "que são justos", referindo que a greve é um direito exercido com base nas normas vigentes no país.
Exorta as autoridades angolanas a priorizarem o diálogo e a concertação com os promotores dos protestos de modo a ouvirem o clamor do povo e "a não ignorarem os sinais de frustração e desgaste da população".
Neste comunicado, assinado pelo seu presidente, Altino da Conceição Miguel, o CONSIA pede ainda aos crentes muçulmanos para terem cuidados e limitações nas suas acções assim como serem vigilantes nas suas residências, mesquitas e locais de trabalho.
Pelo menos quatro pessoas morreram e mais de 500 foram detidas, na sequência dos protestos que começaram Segunda-feira em Luanda, segundo anunciou esta Terça-feira o porta-voz do Comando Geral da Polícia de Angola, Mateus Rodrigues.