Em comunicado remetido ao VerAngola, o CCL dá conta de que os "contos e adivinhas nas línguas kimbundu, cokwe, kikongo e umbundu voltaram", no passado fim-de-semana, à ex-fábrica de sabão para "ensinarem mais sobre as tradições e pensamento ancestral angolano".
Assim, no Sábado passado, "o espaço do CCL encheu-se com famílias que reafirmaram, juntas, à volta do velho imbondeiro, a importância de valores como a solidariedade e a resiliência".
Pulquéria Van-Dúnem, que deu a voz às fábulas e adivinhas tradicionais, realçou o "resultado positivo destes eventos", especialmente o "interesse e participação das crianças, que regressam várias vezes com um grande entusiasmo".
"As histórias que partilhamos têm sempre um fundo moral. Acredito que este contacto com a tradição oral está a formar as crianças e a reforçar os pilares de uma sociedade mais consciente e estruturada", referiu, citada no comunicado.
Já o escritor José Luís Mendonça, que coordena o projecto Estórias no Imbondeiro, considerou que cada história é um "ensinamento".
"Como dizia o padre Chatelain, a língua e a oratura representam a alma de um povo", referiu José Luís Mendonça, acrescentando: "Cada língua carrega uma filosofia, uma forma de ver o mundo. E a literatura oral, hoje traduzida para o português, permite-nos divulgar esse pensamento ancestral, preservando a sabedoria dos nossos antepassados e transmitindo-a às novas gerações. Cada narrativa é um ensinamento, um convite à reflexão e um caminho para uma vida mais harmoniosa".
Esta que foi a 14.ª edição do Estórias no Imbondeiro trouxe uma novidade: música.
"Na 14.ª edição, pela primeira vez a música marcou presença no Estórias no Imbondeiro, através do percussionista Samuel Curti", lê-se no comunicado.
"A forma como as histórias são contadas, a sensação de as ouvir, tudo foi mágico. Ouvir é aprender, e é essa a mensagem que levo: ouvir os mais velhos, os pais, os colegas. É assim que crescemos", afirmou o músico e também bailarino e director do grupo Biemba Juvenil.
Já o embaixador da Suécia em Angola, Lennart Killander Larsson, que também assinalou presença no CCL, considerou que as "as histórias são fundamentais", dado que "é preciso entender o passado para compreender o futuro".
"Angola é um país riquíssimo em história e diversidade linguística, e isso tem tudo a ver com identidade e cultura. A forma como o evento é conduzido, com todos sentados ao ar livre a ouvir, torna tudo ainda mais especial", acrescentou.
A iniciativa Estórias no Imbondeiro realiza-se no último Sábado de cada mês no CCL. "Com esta iniciativa, o CCL visa sensibilizar a população, sobretudo os mais jovens, para a importância de conhecer e valorizar a cultura e os costumes tradicionais de Angola", refere ainda o comunicado.