"A economia angolana precisa urgentemente de estabelecer um caminho consistente para um crescimento robusto, a fim de enfrentar quase uma década de estagnação e melhorar as condições para a redução da pobreza", disse Juan Carlos Alvarez na apresentação do relatório sobre a economia de Angola, feito pelo Banco Mundial.
"Há optimismo de que as reformas económicas abrangentes actualmente implementadas pelo Governo produzirão resultados positivos e irão desbloquear o potencial do país", acrescentou, notando, ainda assim, que "o país deve intensificar o seu apoio a sectores-chave que podem contribuir significativamente para o processo essencial de diversificação económica".
Num fórum económico, esta Sexta-feira, em Luanda, o Banco Mundial vai apresentar três relatórios sobre Angola: a actualização sobre a economia de Angola, o memorando económico e outro dedicado ao papel do sector privado no desenvolvimento desta economia africana lusófona.
Com o título 'Impulsionar o crescimento com o desenvolvimento financeiro inclusivo', a análise sobre a economia angolana destaca o forte crescimento de 4,4 por cento no ano passado, o maior desde 2014, impulsionado pelo petróleo, diamantes, comércio e pesca, mas que surge depois de cerca de metade de uma década em recessão económica, e este ano prevê-se que o crescimento abrande para valores até 2 por cento.
"De 2016 a 2020, a economia contraiu-se aproximadamente 10,4 por cento, com uma queda média anual de 2,1 por cento; este crescimento lento resultou de desafios estruturais e da forte dependência do sector petrolífero, tornando-o susceptível às flutuações dos preços globais", diz o Banco Mundial, acrescentando que "o crescimento real do PIB [Produto Interno Bruto] deverá crescer, em média, 2,9 por cento de 2025 a 2027, mas é improvável que isso melhore significativamente os padrões de vida".
No relatório, o Banco Mundial salienta a importância de promover o desenvolvimento financeiro inclusivo em Angola para combater a desigualdade e a exclusão significativas existentes, especialmente nas zonas rurais, onde o acesso aos serviços bancários formais é limitado e alerta que, "em comparação com outros países da região, as famílias angolanas têm menos acesso ao crédito, à poupança e aos serviços financeiros digitais".
A inclusão financeira, afirmam os economistas do Banco Mundial, "pode impulsionar a participação económica e a resiliência, levando ao crescimento sustentável e à redução da pobreza".
Entre as reformas defendidas para melhorar o acesso às finanças formais e promover o crescimento do sector financeiro, o Banco Mundial recomenda o desenvolvimento de pagamentos digitais intuitivos e acessíveis nas áreas mais rurais, a promoção do crédito às pequenas empresas, o desenvolvimento do plano de acção do Grupo de Acção Financeira Internacional e o combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo (AML/CFT), e ainda o aumento do acesso a seguros para pessoas e empresas, nomeadamente seguros relacionados com o impacto das alterações climáticas.