De acordo com David Sambongo, a FPU, plataforma da oposição que congrega os partidos UNITA, Bloco Democrático (BD) e o PRA-JA Servir Angola, deve granjear “maior credibilidade nacional e internacional” se se transformar numa coligação de facto, em vez de se manter como uma agregação de partidos.
Com a legalização do PRA-JA Servir Angola, liderada por Abel Chivukuvuku, e as recentes deliberações do congresso constitutivo deste partido, “tudo indica que provavelmente não teremos a FPU com o PRA-JA Servir Angola”, disse o politólogo angolano à Lusa.
“Provavelmente pelo alinhamento que estamos a ver entre o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, e o BD, que se mantiveram firmes na continuidade da FPU, provavelmente a solução que poderá ser encontrada será uma FPU com a UNITA, BD e que poderá agregar outras forças político-partidárias”, disse.
Sambongo defendeu a necessidade de a FPU se transformar numa coligação de partidos, sobretudo para salvaguardar a continuidade do BD na arena política nacional, por este partido se ter agregado à FPU em 2022, ocasião em que o PRA-JA era apenas um projeto político, ainda não legalizado como partido.
A UNITA, o BD, partido que deve concorrer às eleições de 2027 sob pena de ser extinto, e o PRA-JA Servir Angola concorreram agregados como FPU, ou seja, em lista única liderada pela UNITA, nas últimas eleições gerais de 2022, e conseguiram eleger 90 deputados.
A possibilidade da FPU transformar-se numa coligação formal de partidos políticos, à luz da Lei dos Partidos Políticos, tem sido levantada nos últimos anos, apesar de muitos se manifestarem cépticos na sua concretização, sobretudo pelo percurso histórico da UNITA, como sinalizou o politólogo.
“Eu também aqui encontro alguma reticência, não sei se o presidente da UNITA, por mais aberto que seja, terá capacidade de influenciar de forma substancial a ala mais conservadora do seu partido, no sentido de permitir uma coligação do tipo formal e não uma coligação por agregação”, observou.
O analista insistiu que uma coligação por agregação “não ajuda e pode prejudicar e colocar mesmo a sobrevivência do BD em risco”, já que, com exigência legal de concorrer nas próximas eleições com os seus símbolos sob pena de extinção, “não pode entrar numa coligação por agregação”.
Sambongo considerou também que a provável saída do PRA-JA Servir Angola da FPU deverá desequilibrar a plataforma política, mas não deverá ser o fim desta, salientando, no entanto, que a sua desunião deverá ser uma “mais-valia” para o MPLA.
O politólogo sinalizou ainda que “esse momento de fragmentação” entre forças que se tinham juntado para “combater politicamente” o Movimento Popular de Libertação de Angola “pode acabar sendo um aspecto fundamental a ser construído na narrativa do MPLA, enquanto corrente e principal arquirrival das forças na oposição”.
O analista concluiu dizendo que a FPU “poderá continuar [sem o PRA-JA],mas, entretanto, não continuará com a mesma força como antes”, sem Abel Chivukuvuku que, “apesar de ser actualmente muito contestado, é uma figura muito carismática e conta muito a nível do espectro partidário.
O líder do PRA-JA Servir Angola disse, no encerramento do primeiro congresso do partido, esta Quarta-feira, que tinha sido mandatado para preparar o partido para necessidade de avançar sozinho para as eleições de 2027, deixando no ar a ideia de abandonar a FPU.
Os presidentes da UNITA e do Bloco Democrático manifestaram na Quinta-feira confiança na FPU, que ambos integram, e lamentaram a decisão do PRA-JÁ Servir Angola deixar esta plataforma da oposição.