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Líder da União Africana pede calma e diálogo para travar tensão entre o Ruanda e a RDCongo

O Presidente ruandês, Paul Kagamé, e o seu homólogo na República Democrática do Congo (RDCongo), Felix Tshisekedi, abordaram esta Segunda-feira com o presidente da União Africana (UA), Macky Sall, a escalada das tensões entre os dois países.

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"Agradeço aos Presidentes Tshisekedi e Kagamé pelas nossas conversas telefónicas de ontem e de hoje na procura de uma solução pacífica para a disputa entre a RDCongo e o Ruanda", fez saber o presidente em exercício da UA através da rede social Twitter.

Macky Sall – que encorajou o chefe de Estado, João Lourenço, a "prosseguir os seus esforços de mediação a este respeito", na sua qualidade de presidente da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) – não especificou se Kagamé e Tshisekedi falaram já directamente um com o outro.

Tshisekedi desloca-se esta Terça-feira a Luanda para conversações com o seu homólogo angolano, relacionadas com a escalada das tensões com o Ruanda.

A tensão entre o Ruanda e a RDCongo cresceu exponencialmente nos últimos meses, após o reinício em Março último dos combates entre o exército congolês e o movimento rebelde de 23 de Março (M23), que, segundo Kinshasa, é apoiado pelo país vizinho, uma acusação negada por Kigali.

Ambos os países solicitaram a intervenção do Mecanismo Reforçado de Verificação Conjunta (EJVM, na sigla em inglês), estabelecido pela CIRGL para investigar incidentes de segurança nos seus 12 Estados-membros.

O Ruanda exigiu no passado Sábado que a RDCongo libertasse dois soldados do seu exército raptados enquanto patrulhavam a fronteira com aquele país, no mesmo dia em que o Governo congolês suspendeu os voos da Rwandair para o seu território, em protesto contra o alegado apoio de Kigali aos rebeldes.

Esta Segunda-feira, o porta-voz do Governo congolês, Patrick Muyaya, disse que o país não excluiu "a ruptura das relações diplomáticas" com o Ruanda.

As forças armadas congolesas reconquistaram na semana passada várias cidades tomadas pelo M23, depois de fortes combates no nordeste do país.

O M23 foi criado a 4 de Abril de 2012, quando soldados congoleses se revoltaram com a perda do poder do seu líder, Bosco Ntaganda, acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de crimes de guerra por alegadas violações do acordo de paz de 23 de Março de 2009, data que deu o nome ao movimento.

O grupo exigiu uma renegociação do acordo assinado pela guerrilha congolesa Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), nomeadamente das condições relativas à sua integração no exército do Ruanda.

O CNDP, constituído principalmente por tutsis (etnia que sofreu o genocídio ruandês às mãos dos hutus em 1994), foi formado em 2006 para - entre outros objectivos - combater os hutus das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo que se refugiou nas selvas congolesas após o genocídio.

Em 2012, o M23 ocupou Goma, capital da província do nordeste congolês do Kivu do Norte, durante duas semanas, mas a pressão internacional obrigou o movimento rebelde a retirar-se e a iniciar negociações de paz com o Governo da RDCongo em Kinshasa.

Durante mais de duas décadas, o leste da RDCongo tem registado conflitos alimentados por milícias rebeldes e ataques do exército congolês, apesar da presença da missão de manutenção de paz da ONU (MONUSCO), que conta com mais de 14.000 soldados no país.

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