Ver Angola

Cultura

Crianças de Luanda colocam delinquência em “xeque” a jogar xadrez

Dezenas de crianças angolanas jogam diariamente xadrez na sede da associação provincial de Luanda da modalidade, que, apesar da carência de material, aposta naquele jogo como forma de colocar a delinquência em “xeque”.

:

São crianças com idades compreendidas entre os cinco e os 15 anos que ali acorrem de Segunda a Sábado, sempre sob o olhar atento de um professor da associação, e muitas garantem dominar bem a modalidade.

É o caso de Carlos Makengo, que começou a jogar xadrez com cinco anos e que seis anos depois usa a concentração para levar de vencidos os adversários no xadrez. "A modalidade é um pouco difícil, mas gosto. Estou sempre a vencer os meus adversários, porque basta pensar para vencer um jogo assim", contou à Lusa.

Mesmo sem o habitual relógio para cronometrar o tempo para idealizar cada jogada, as crianças não arredam pé e justificam que o xadrez é um desporto que ajuda a desenvolver o raciocínio.

Em declarações à Lusa, a secretária-geral da Associação Provincial de Xadrez de Luanda, Marisa Fernandes, explicou que apesar de falta de instalações próprias e de material, a instituição mantém a aposta na massificação da modalidade, sobretudo nas escolas e comunidade, com o intuito de afastar as crianças da rua e da delinquência.

"Diariamente temos aqui mais de 15 crianças a praticarem o xadrez, algumas já estão inscritas na associação e outras ainda estão como amadoras. Alguns pais ainda tardam em inscrevê-las", disse.

Fazer diariamente vários ‘xeque-mate' é, por exemplo, motivo de alegria para Nataniel Filipe de 12 anos, outro dos jogadores da associação de Luanda da modalidade. "Gosto do xadrez por ser um jogo que me ajuda a pensar. Quando comecei a ver as pessoas a jogar também me interessei e agora pratico diariamente", relatou, recordando que joga há três anos.

Uma motivação partilhada por Júlia António, de 11 anos e jogadora desde os oito. "Entrei muito tarde para a escola, mas o professor ensina-nos muito bem e gosto muito do xadrez. É um bom desporto", conta.

De acordo com a secretária-geral da associação, apesar de alguns apoios de parceiros e da federação angolana de xadrez, a associação continua a carecer de material desportivo para aumentar o número de praticantes.

"Precisamos de peças, tabuleiros, relógios, folhas de anotação. É um material caro, principalmente o relógio. Apesar da carência, procuramos manter algum ritmo com os meios que temos à disposição, porque sabemos que o xadrez ajuda no intelecto da criança", realçou.

A Associação Provincial de Xadrez de Luanda, segundo Marisa Fernandes, controla cinco clubes e doze núcleos de xadrez espalhados pela capital.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.