Segundo a Câmara Municipal de Sines, no distrito de Setúbal, a exposição "Balumuka! – Narrativa poética da liberação...ou ainda, Rebelião Poética Kaluanda" é inaugurada às 16h00 deste Sábado e vai poder ser visitada até ao dia 15 de Outubro.
Esta mostra "centra-se à volta do som, como algo que cria a possibilidade de sustentar resistência e, no caso da produção musical negra que é indissociável de política, cria certas relações sociais que deixa que a música seja só algo meramente artístico ou um objecto por si só", explicou esta Quinta-feira o curador André Cunha, em declarações à agência Lusa.
O projeto multidisciplinar junta os artistas Cassiano Bamba, Pedro Coquenão e Luaty Beirão, Zezé Gamboa, Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves, Kiluanji Kia Henda, Kamy Lara, Wyssolela Moreira, António Ole e Gegé M'bakudi e Resem Verkron.
Segundo André Cunha, um dos curadores da exposição, juntamente com Kiluanji Kia Henda, a iniciativa aborda o som numa viagem "desde o tempo da era colonial" em Angola até à actualidade, numa alusão "ao estado social de abandono estatal".
Sobre a evolução da música "que vem desde o kabetula [estilo de dança tradicional da região do Bengo, em Angola] ao kuduro", o curador lembrou os "30 anos de evolução de estilos" que "se transformam uns noutros".
"A criação musical negra não é algo isolada, é algo comunal, que começa com uma pessoa e, ao longo das décadas, continua essa evolução. É uma conversa de base social", realçou.
A mostra recorre a "colagens digitais, à videoarte" e apresenta cinco filmes documentários "que foram produzidos desde os anos 1970 e até 2018", como o filme "É Dreda ser Angolano", do Colectivo Fazuma, de Pedro Coquenão e o Luaty Beirão.
"É um filme do princípio dos anos 2000", rodado "ao longo de dois anos", que trata uma sociedade pós-guerra dentro do estilo 'hip hop kuduro'", acrescentou.
À Lusa, o curador revelou que estará exposto um arquivo cedido pela Valentim de Carvalho com "gravações em Luanda, dos anos 60 a 70 do século XX, que foram feitas em línguas nacionais, [como] o kibumdo, umbundu, tchokwe".
Estas gravações "carregavam mensagens anticoloniais que não eram percebidas pela própria editora e pelo público português que [as] consumia", observou.
O arquivo, que estará exposto numa das duas naves do centro de artes, "tem uma 'conversa' com as obras criadas de propósito para a exposição" e da autoria dos artistas Wyssolela Moreira, Gegé M'bakudi e Resem Verkron.
Desta forma, será criada "uma ligação entre o arquivo estatal e o arquivo que tem vindo a ser feito pelos protagonistas da arte", vincou o curador, da exposição, cuja produção está a cargo da Kizenji - Pesquisa e Intervenção e da KinoYetu, com o apoio do Câmara de Sines e da Vasco Collection.
"As pessoas vão poder sentar-se para assistir aos filmes. É uma exposição que demora algum tempo a ver, porque são horas de filmes, horas de arquivo musical, é algo que tem bastante para pensar e guardar para si mesmo", aconselhou o curador.
Após a inauguração, a exposição pode ser visitada de Segunda a Sexta-feira, entre as 14h00 e as 20h00, e aos Sábados, entre as 12h00 e as 18h00.
Facebook Centro de Artes de Sines