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Cultura

Jorge Vercillo e Maria Gadu vêm do Brasil para cantar serenatas a Luanda

Nos meses de Junho e Julho, o projecto “Serenatas a Kianda” traz a Luanda artistas brasileiros consagrados e admirados no nosso país. Idealizada pela produtora nacional Zona Jovem, a iniciativa pretende homenagear a capital ao assinalar seus 442 anos. Nas duas primeiras edições, artistas brasileiros dividem o palco com convidados da terra e mostram as semelhanças e intersecções de ritmos que ligam Brasil e Angola.

: Maria Gadú
Maria Gadú  

Inspirado no apelido da ‘Cidade da Kianda’, como é conhecida a província de Luanda, o projecto faz uma homenagem à cidade através do nome e das “serenatas” que proporciona aos amantes da música. Os espectáculos privilegiam o uso da voz e de instrumentos acústicos, violão e percussão, criando um ambiente intimista e de grande proximidade com o público. 

Figueira Ginga, empreendedor, amante de música e director executivo do Zona Jovem fala da realização de um sonho, unindo o útil ao agradável: uma homenagem a Luanda e o dinamizar do meio musical local.

Como se deu o seu encontro com a música?

Comecei a fazer música em 1986, no colectivo Aviluppa Kuimbila, do qual faz parte o grupo musical "As Gingas do Maculusso”, e do qual faço parte como músico e coordenador geral, tendo participado na direcção executiva e musical dos quatro primeiros discos que fizeram um enorme sucesso nacional. Dentro desse colectivo, participei da produção de vários shows e, em 1999, fui para Portugal onde me licenciei em gestão de empresas e, como músico, fiz vários espectáculos para a comunidade lusófona, além de produzir shows para a Embaixada de Angola e outras associações angolanas.

De que forma surgiu a ideia do “Serenatas a Kianda” e como é que o projecto foi viabilizado? 

A ideia do projecto “Serenatas a Kianda” surgiu da vontade de homenagear culturalmente a cidade da Kianda, Luanda, nossa cidade-mãe, por tudo que ela representa para Angola. Por outro lado, a ideia é criar mais uma forma de dar visibilidade e palco a artistas angolanos que fazem estilos musicais que têm pouca visibilidade mas que são de grande qualidade, tal como Filipe Mukenga e Gabriel Tchiema, que fazem parte do elenco da primeira temporada do Serenatas.

Houve algum incentivo financeiro externo ou algum prémio que mereça destaque?

De momento não temos apoio financeiro mas continuamos à procura, a bater portas, e temos fé que os apoios surgirão, porque o Serenatas, pela sua diferença e qualidade, enaltece a cultura e a música angolana em particular e o país em geral.

Como é que vê o cenário de produção cultural de Angola? Progredimos muito, mas o que é que ainda nos falta?

Há muita coisa ainda por fazer no sentido de dar a conhecer a nossa cultura. Mas já temos bons exemplos de empreendedorismo nesta área que devem ser enaltecidos como é o caso da LS e Republicano e da Nova Energia, na área musical.

Mas acredito que, com mais apoio por parte de entidades privadas, podemos fazer muito mais, porque existe espaço para mais empresas, para mais cultura e é preciso criar formas de manter os nossos artistas activos e em grandes palcos nacionais. E a Lei de Mecenato poderá ser uma alavanca para o crescimento da indústria cultural.

Como resume a história da Zona Jovem?

A Zona Jovem Produções foi criada em 2009, na perspectiva de apresentar produção cultural diversa, diferente e ousada, quando realizou o primeiro grande show de stand up comedy em Luanda, que foi o "Humor a Três" e que teve a participação de dois óptimos humoristas angolanos da altura, que eram Pedro Nzagi e Calado Show, e, para completar, convidamos o humorista português Fernando Rocha. O show foi um enorme sucesso contando com uma assistência de aproximadamente cinco mil pessoas no Cine Karl Marx em Luanda. 

A Zona Jovem tem mais projectos na gaveta?

De momento estamos totalmente engajados em dar vida ao “Serenatas a Kianda”, e, desde já, apelamos às entidade privadas a juntarem-se a nós apoiando a solidificação do mesmo, na certeza que a cultura angolana sairá a ganhar. Além deste projecto, outros estão em carteira mas, de momento, é muito cedo para revelar. 

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