O galardão, no valor de 15.000 euros, será entregue ao vencedor, na quantia correspondente em kwanzas, em Abril, em Angola.
O júri, constituído por José Mena Abrantes (Presidente), David Capelenguela e Amélia Dalomba "constatou com satisfação a qualidade de grande parte das obras apresentadas este ano a concurso", o que tornou mais difícil a sua decisão final.
“Depois de uma profunda e cuidada análise e do cruzamento das suas opiniões, o júri decidiu, por unanimidade, outorgar o prémio deste ano à obra “Cuéle - O Pássaro Troçador”, de Jorge Arrimar, um fresco grandioso e muito bem documentado sobre uma região de Angola raramente presente na nossa literatura”, explicou o júri.
“O autor tem perfeito domínio da sua expressão, tanto na escrita e na definição das diferentes personagens, como no rigor como caracteriza modos de ser, tradições e comportamentos dos vários estratos sociais, quer do lado africano, quer do lado europeu, num momento decisivo do desenvolvimento do Sul de Angola, na transição do século XIX para o século XX”, acrescentou ainda o júri, em comunicado remetido ao VerAngola.
Jorge Arrimar concilia, assim, na opinião dos jurados, “com naturalidade, num estilo simples e fluido, reminiscências de figuras relevantes da época e da sua própria história familiar e factos históricos profusamente documentados, que revelam tanto o esboço de uma harmonia possível no contacto entre duas culturas diferentes como a violentação de uma pela outra na concretização da ocupação colonial”.
O Prémio de Literatura dstangola/Camões, que distingue livros editados em poesia e prosa de autores angolanos, tem como missão tornar-se uma referência em Angola por distinguir as obras e os autores mais prestigiados, com o máximo de rigor na escolha da obra vencedora.
Ao longo de várias edições já galardoou Zetho Cunha Gonçalves, em 2019, Pepetela, em 2020, Benjamim M’Bakassy, em 2021, Boaventura Cardoso em 2022 e João Melo, no ano passado.
Quem é Jorge Arrimar?
Jorge Arrimar nasceu em Angola e iniciou os seus estudos superiores em Luanda, tendo concluído, posteriormente, em Portugal, a licenciatura em História, a pós-graduação em Ciências Documentais e o doutoramento em História Moderna, bem como, já em Espanha, o doutoramento em Ciências Documentais.
Foi Professor de Português e de História nos Açores, e rumou a Macau, onde permaneceu 13 anos, entre 1985 a 1998, tendo exercido o cargo de director da Biblioteca Nacional/Central de Macau.
Para além de livros de outras geografias e géneros, publicou os seguintes: Poesia – Ovatyilongo (1975); Poemas (1979); 20 Poemas de Savana (1981); Murilaonde (1990); Ovatyilongo, Poesia da Terra (2010); História – Os Gambos, O Humbe, as Guerras do Nano e os Portugueses; Conto – Os Infortúnios de Juvêncio (2013); Mafaldada e os Kimbandeiros (2010); Romance – O Planalto dos Pássaros (2002); O Planalto do Salalé (2012); O Planalto do Kissonde (2013) e Cuéle, o Pássaro Troçador (2022).