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BFA: Angola cai mais de 5 por cento e estaria em 'default' sem ajuda dos bancos multilaterais

O gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA) estima que a economia angolana registe uma recessão superior a 5 por cento, salientando que sem o apoio dos bancos multilaterais o país entraria inevitavelmente em 'default'.

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"As nossas próprias estimativas são mais pessimistas do que as do FMI, apontando para uma quebra possivelmente superior a 5 por cento dos sectores petrolífero e não petrolífero", lê-se na Nota Informativa sobre a terceira revisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao programa de assistência financeira a Angola.

"Sendo difícil de imaginar, o impacto económico seria bem mais gravoso não fora o apoio das multilaterais e o reescalonamento das amortizações", aponta-se no comentário enviado aos clientes, a que a Lusa teve acesso.

"Neste cenário, o 'default' seria inevitável, enfrentando o país uma crise de pagamentos gravíssima, ao que se seguiria provavelmente uma depreciação muito mais acentuada do que a actual, forçando as importações a decrescer ainda mais, e com cortes nos gastos públicos enormes, parando todo e qualquer investimento em curso e obrigando muito provavelmente a despedimentos de funcionários públicos em larga escala e diminuição nominal de salários", acrescenta-se no texto.

O FMI antevê uma recessão de 4 por cento este ano, de acordo com a análise feita em Setembro à economia angolana no âmbito da terceira revisão do programa de assistência financeira, que permitiu um desembolso imediato de mil milhões de dólares e um aumento do montante total do programa para cerca de 4,5 mil milhões de dólares.

Para o BFA, a quebra de 6,8 por cento na economia petrolífera e de 2,8 por cento na economia não petrolífera poderá ser "bastante mais acentuada", tendo em conta outros indicadores alternativos.

"Segundo dados do Banco Nacional de Angola e cálculos do BFA, o total de levantamentos em Multicaixa e pagamentos de compras em TPA crescerá apenas 8,4 por cento em 2020, se o comportamento de Janeiro até Agosto se mantiver no resto do ano", o que, levando em conta a inflação, revela uma quebra de 14,4 por cento, muito acima da única quebra real registada desde 2010, o início da série, quando os levantamentos bancários caíram 2 por cento, em 2017.

"No mesmo sentido, um olhar para as importações de bens e serviços aponta para uma quebra de 30,9 por cento em 2020, quando avaliadas em dólares (a quebra em kwanzas retirando a inflação é de 19,0 por cento), apenas ligeiramente inferior à quebra de 32,4 por cento em 2016", salienta-se no relatório, que conclui que "estes desempenhos são consistentes com uma forte recessão, que aliás vai sendo já patente no país".

Sobre a análise feita pelo FMI ao programa de Angola, o BFA diz que os técnicos elogiam o cumprimento dos compromissos no programa, apesar de, "relativamente aos objectivos estruturais, das 12 metas até Junho de 2020, apenas cinco terem sido cumpridas a tempo".

No geral, concluem, "o FMI volta a deixar elogios ao Governo, apelidando o desempenho do programa como satisfatório em termos gerais", já que quase todos os critérios de desempenho e as cinco metas indicativas foram cumpridas.

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