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Oposição defraudada com radiografia do país feita pelo Presidente

Partidos políticos da oposição com assento parlamentar consideraram que o discurso sobre o Estado da Nação defraudou as expectativas dos angolanos, mas para o MPLA, partido que sustenta o Governo, foi a radiografia real do país.

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O Presidente João Lourenço fez, em duas horas, no parlamento, um discurso sobre o Estado da Nação, na abertura do novo ano parlamentar, no qual abordou a situação macroeconómica e social do país, nos seus dois anos de mandato.

O líder da bancada parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Américo Kuononoca, disse aos jornalistas que os angolanos devem “esperar algum tempo, tal como o camponês que cultiva com esperança, com perseverança, tal como o soldado que se prepara para combate”, sobre os resultados da governação, numa alusão às críticas dirigidas a João Lourenço.

“Tal como o atleta prepara-se para ganhar afincadamente o troféu, assim deve ser também na vida política, e é preciso ter esperança, ter fé de que o executivo está a fazer um bom trabalho”, referiu.

O deputado do MPLA deu como exemplo os números apresentados pelo chefe de Estado relativamente aos 500 mil empregos prometidos na campanha eleitoral.

“Hoje ouviu-se claramente, que um terço desses empregos já foram garantidos em dois anos, portanto, 161.000 empregos já foram disponibilizados nos últimos dois anos. Isso significa que nos próximos três anos vamos ultrapassar essa cifra”, declarou.

Américo Kuononoca sublinhou “que o discurso do Presidente da República desconstruiu completamente o discurso da oposição, que sempre pôs em causa o executivo” suportado pelo MPLA.

Por sua vez, o deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto da Costa Júnior, que concorre à liderança do partido, considerou que o país retratado por João Lourenço não é o que os angolanos conhecem, por isso, “ficou uma grande decepção”.

“O país que vivemos hoje não está bom e qualquer deputado tinha a expectativa de ver o Presidente da República, aqui, assumir reformas profundas, acima de tudo”, disse o deputado do principal partido da oposição, acrescentando que João Lourenço “não falou da reforma do Estado, não disse que estava disponível para fazer a reforma da Constituição, para reformar o sistema eleitoral, que são questões fundamentais”.

Segundo Adalberto da Costa Júnior, a censura que os deputados do seu grupo parlamentar sofreram, quando apresentaram cartões amarelos ao chefe de Estado, enquanto discursava, contraria o discurso de João Lourenço.

“A partir da sala foram feitos cartões amarelos ao Presidente da República, que foram censurados. A televisão censurou, filmou apenas a bancada do MPLA, nunca filmou a bancada da UNITA. Então, em 2019, numa altura em que o Presidente diz que há liberdade de informação acrescida, os deputados foram censurados durante a transmissão do Estado da nação, isto é uma vergonha”, criticou.

Na sua intervenção, João Lourenço realçou as acções ao nível da comunicação social, no sentido da melhoria dos indicadores da liberdade de imprensa, sendo hoje mais plural o debate no país.

Já o deputado da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Manuel Fernandes, disse que o discurso passou à margem da realidade social dos angolanos, que viram defraudadas as suas expectativas.

“O Presidente da República não falou nada sobre as autarquias, gostaríamos de ouvir sobre a sua concretização”, disse, numa referência às eleições autárquicas previstas para 2020, as primeiras que o país vai realizar.

Para o deputado do segundo maior partido da oposição, houve “alguns dados positivos na realidade macroeconómica, mas na realidade social ficou muito à margem e defraudou um pouco a expectativa dos angolanos”.

De acordo com Manuel Fernandes, João Lourenço foi pedir “mais uns dois ou três anos de sacrifício”, porque só a partir de 2021 ou 2022 “é que poderá desafogar o grande aperto financeiro ou económico que o país está a atravessar”.

Benedito Daniel, líder parlamentar do Partido de Renovação Social (PRS) disse que o Presidente apontou as dificuldades que encontrou e os projectos que tem para o país, mas a situação do país não deixa visíveis os esforços que estão a ser feitos.

Na opinião de Lucas Ngonda, da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o facto de o Presidente não ter avançado uma data indicativa para as eleições autárquicas, pode significar que “há uma incerteza das eleições realizarem-se no ano 2020”.

“Esta é a compreensão que eu tive do problema, deve haver uma incerteza e daí ele não quis pronunciar-se sobre a data, mas tudo quanto sabemos é que o pacote todo já está no parlamento para ser discutido”, disse.

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