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Autoridades detêm pastor religioso acusado da morte de rapariga em cura espiritual

As autoridades detiveram o pastor de uma igreja acusado da morte de uma jovem, que se encontrava sob os seus cuidados, com “rituais religiosos terapêuticos”, na província da Huíla, noticiou a imprensa local.

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Segundo o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC) na Huíla, inspector Segunda Quitumba, a igreja Missão de Serviço, localizada na periferia do Lubango, capital da Huíla, foi encerrada e o pastor detido.

O porta-voz do SIC na Huíla, citado pela Angop, disse que, no local, foram encontradas dezenas de pessoas doentes, internadas em casebres, as quais afirmaram ter efectuado pagamentos em dinheiro ou com cabritos, em troca da sua cura.

Segunda Quitumba salientou que as pessoas ficavam alojadas em condições degradantes e apresentavam diferentes quadros clínicos, destacando-se a presença de uma grávida e crianças com sintomas compatíveis com hidrocefalia, paludismo, entre outras enfermidades.

Em declarações à Lusa, o secretário-geral do Conselho de Igrejas Cristãs de Angola (CICA), Vladimir Agostinho, lamentou a morte desta jovem de 19 anos, frisando que a organização olha com “muita preocupação” para o problema das seitas religiosas em Angola.

Vladimir Agostinho reprovou o facto de "quando um pastor quer colocar-se no lugar de Deus para determinar curas, que depois vão resultando em mortes”.

“Curas que depois vão resultando em situações desastrosas, pastores que acabam cativando os membros e proibindo-os de irem para o hospital, sob pretextos que têm poder de cura”, frisou.

O secretário-geral do CICA destacou que está actualmente em revisão a Lei sobre Liberdade de Religião e de Culto, que vai exigir formação superior em teologia para acreditação de líderes religiosos, “para evitar esse descaminho que se tem visto no país”.

“Nós somos uma das plataformas que propôs ao Governo a revisão da Lei 12/19, exatamente por conta do descaminho que temos estado a ver na nossa sociedade. Temos estado a conversar com as lideranças das igrejas no sentido de mantermos intacta a liderança, para que não haja divisões, que resultam nesta desordem que nós temos estado a ver a nível da nossa sociedade”, sublinhou.

De acordo com Vladimir Agostinho, a revisão da lei é um passo importante, mas é preciso também uma mudança de mentalidade.

“Nós precisamos de conhecer as escrituras sagradas, precisamos de parar de enganar os outros, porque há muitas pessoas que se aproveitam daquelas mais fragilizadas e em nome da fé se autopromovem apóstolos, profetas, bispos, sacerdotes”, referiu.

A conjuntura social que a sociedade enfrenta atualmente, a crise económica, adicionada ao índice de baixa escolaridade de algumas comunidades, resulta nas pessoas serem “facilmente enganadas, exploradas por estes pastores e seitas”, apontou Vladimir Agostinho.

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