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Oposição satisfeita com divulgação detalhada dos empréstimos exteriores obtidos por Angola

A UNITA e CASA-CE, principais forças da oposição, consideraram hoje "interessante" e "bom" o detalhe da informação anunciada pelo Presidente da República sobre os empréstimos obtidos no exterior, que garantiram ao país 10 mil milhões de euros.

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O chefe de Estado, que discursava sobre o estado da Nação, na abertura da segunda sessão legislativa da IV legislatura da Assembleia Nacional, disse que a "intensa e a inédita" campanha de diplomacia económica que realizou este ano já garantiu financiamentos no valor de 10 mil milhões de euros, o que permitirá recolher frutos nos próximos anos para garantir o desenvolvimento do país.

Em reacção ao discurso, o líder da bancada parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto da Costa Júnior, elogiou o "esforço" feito pelo Presidente, em reposta a algumas questões que o seu partido, o maior da oposição, havia colocado.

Contudo, o político referiu que todo o valor descrito pelo chefe de Estado angolano "é só para pagar dívidas". "O cumprimento do serviço da dívida, que o Presidente da República não falou aqui, é muito alto, é superior a 30 mil milhões de dólares. Ora, o serviço da dívida tem de ser cumprido, aqueles 11 vírgula qualquer coisa mil milhões [11,2 mil milhões de dólares] que foram ditos estão a fazer o cumprimento do serviço da dívida, mas à margem daquilo que o orçamento permite", frisou.

"Achei muito interessante o detalhe daqueles empréstimos no plano internacional, foi um desafio que lhe foi lançado e, neste desafio, [João Lourenço] fez um esforço para responder algumas questões", acrescentou.

Por seu turno, o líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, considerou "mau sinal" os empréstimos contraídos por Angola, "porque são dívidas e amanhã serão pagas pelos angolanos, com juros e em situações mais difíceis".

"Não é bom. Ninguém pense que esses dinheiros das dívidas vêm assim para Angola, não! A dívida alemã é para irmos lá buscar máquinas, o dinheiro não vem para aqui, as linhas de crédito portuguesas são para as empresas portuguesas, que vêm prestar serviços em Angola. O dinheiro não vem para aqui, é bom, porque nos ajuda a resolver alguns problemas, mas é um problema que estamos a criar para as gerações futuras, vindouras", sublinhou.

Para o líder da segunda maior força política da oposição angolana, o ideal seria que Angola tivesse capacidade de construir o país com os seus próprios recursos e não endividar-se.

"O facto de [João Lourenço] ter dito, explicado de forma pormenorizada, é bom, mas que ninguém crie a perspectiva e a expectativa de que a vida ficará mais fácil. Não vai ficar, porque vamos ter de pagar aquilo com juros. Muita parte do dinheiro não vem para Angola, fica para as empresas estrangeiras", frisou.

No discurso, João Lourenço salientou que a diversificação económica é "um imperativo nacional" e lembrou que, nas visitas que efectuou ao estrangeiro, conseguiram-se garantias de investimento e de financiamento da economia angolana que, além dos montantes de 10 mil milhões de euros, há que contar também com as "intenções" de apoio financeiro a investimentos no país.

"Fizemos uma verdadeira diplomacia económica", resumiu o Presidente angolano, lembrando as visitas a França, Alemanha e China e os apoios financeiros de Portugal e Reino Unido, além da disponibilidade de linhas de crédito de várias instituições bancárias internacionais.

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