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Igreja Católica angolana recusa tratar aborto com “superficialidade”

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) considerou esta Quarta-feira o aborto, tema retomado com a revisão do código penal, uma questão "tão complexa e delicada" que, ao ser "tratada com superficialidade", coloca "em perigo os fundamentos humanos".

Layton Thompson:

A posição foi expressa na abertura da segunda assembleia ordinária da CEAST, que decorre em Luanda, até o dia 23 de Outubro, pelo arcebispo e presidente, Filomeno Vieira Dias, que afirmou que para a Igreja Católica não interessa entrar em competições ideológicas, defendendo antes "a promoção do homem".

"A nossa posição sobre isso é bem conhecida. É uma questão tão complexa e delicada que tratada com superficialidade põe em perigo os fundamentos humanos e morais da nossa civilização", afirmou o arcebispo de Luanda.

"Não somos contra a ciência e o seu progresso (…) o que queremos é que a ciência esteja ao serviço do bem integral do homem. Não é, portanto, uma questão de parar ou dificultar o caminho da ciência, ou a liberdade das pessoas e dos indivíduos, mas de orientá-los para que não percam de vista o valor e a dignidade de todo o ser humano", apontou ainda.

Para o presidente da CEAST, a Igreja Católica "não é insensível ou indiferente" diante de uma "série de factores psicológicos e legais" invocados "por uma certa corrente de pensamento a este respeito".

"Mas, da nossa parte, o que há é amor sincero para cada mulher e para cada homem", disse.

Na sua intervenção, o líder dos bispos angolanos disse igualmente que a CEAST continua preocupada com a solidez das famílias, a seriedade e consistência da acção educacional.

"Por isso, não nos cansamos de insistir na promoção de uma política familiar e adopção de medidas que permitam aos jovens projectar um futuro e assumir compromissos de longo prazo", alertou.

Olhando para a vida interna da Igreja Católica em Angola, Filomeno Vieira Dias assinalou que durante esta segunda assembleia ordinária, a CEAST vai debruçar-se sobre o seu directório pastoral e a "urgente necessidade do funcionamento dos tribunais eclesiásticos".

Referiu ainda a "criação da prometida floresta ‘Laudato Si’ na diocese do Namibe” como expressão da atenção da Igreja com a natureza e do seu desejo de “despertar a sensibilidade da sociedade para as questões ambientais”.

Apelou a uma igreja “mais próxima dos pobres e com eles solidária”, com “iniciativas concretas dirigidas a este segmento da população”.

"Devemos identificar nas nossas dioceses ambientes, situações e grupos alvo, isto é onde, com quem, o quê e como, estabelecer datas, metas e avaliar depois os resultados e não ficando na mera enunciação, na simples programação, Igreja portanto com gestos e actos concretos que transmitam uma esperança que alimenta a vida", rematou.

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