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Activistas acusam polícia de intimidação e reafirmam marcha para Sábado

Activistas angolanos acusaram esta Sexta-feira a polícia de intimidações e tentativa de abortar a conferência de imprensa em que reafirmaram a realização da marcha, Sábado, contra a subida do preço do combustível e dos transportes, num itinerário “aceite” pelo Governo.

: Borralho Ndomba/DW
Borralho Ndomba/DW  

A conferência de imprensa, promovida esta Sexta-feira pelo denominado movimento social contra o decreto que aprova o reajuste do preço do combustível, plataforma que congrega várias organizações cívicas, foi antecedida de um clima de tensão e indignação por parte dos activistas.

Enquanto a organização criava as condições no Largo Cesário Verde, bairro Vila Alice, em Luanda, para acolher os jornalistas, e já com um dístico afixado no local, anunciando as razões da conferência de imprensa, efectivos da polícia surgiram exigindo a remoção do material publicitário.

A presença da polícia no local gerou tensão e repúdio de vários activistas, que, com os seus telemóveis, faziam 'lives' pelas redes sociais denunciando a "postura intimidatória" dos agentes da corporação, como constatou a Lusa no local.

"Estamos aqui com todos os jovens para esta conferência de imprensa e estamos com um problema, a polícia já veio para tentar impedir que se faça uma conferência de imprensa, os jovens já receberam uma carta do Governo a aceitar a marcha e a polícia está a vir impedir, temos que parar com isso", denunciava a activista Laura Macedo nas redes sociais.

Laura Macedo considerou "uma vergonha" a atitude da polícia, que forçou mesmo os activistas a removerem o dístico do local, em meio de vários lamentos e críticas destes.

O activista Gilson da Silva Moreira "Tanaice Neutro", também numa 'live', a partir do local, repudiou a presença da polícia e criticou o Presidente, João Lourenço, que, no seu entender "é insensível" ao povo.

"Não estou mais a entender o que é que o [Presidente da República] João Lourenço quer com o povo (...), essa polícia que só cumpre ordens superiores também está a passar mal, porque também circulam de táxi, daqui não vamos sair, porque não somos bandidos", dizia o activista.

Quase 40 minutos depois da hora marcada, e apesar das tentativas de impedimento pela polícia, os activistas voltaram a afixar o dístico com dizeres: "Combustível sobe, a vida pára! O povo não aguenta mais! Estamos na rua contra o aumento abusivo do combustível e o custo de vida insustentável".

A tarifa dos táxis colectivos (vulgo "candongueiros") passou a ser de 300 kwanzas por viagem e a dos autocarros urbanos sobe para 200 kwanzas por viagem, desde Segunda-feira, uma medida, que surge na sequência do aumento do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro a partir de 4 de Julho.

O activista Adilson Manuel, em conferência de imprensa, disse que a manifestação, agendada para Sábado, deve partir do largo do Mercado de São Paulo até ao Largo da Maianga, a 200 metros da sede do parlamento, porque houve "resposta positiva" do Governo Provincial de Luanda (GPL).

Numa reunião realizada na Quinta-feira com o Comando Provincial da Polícia Nacional, referiu o activista, a polícia, "no atropelo das regras administrativas", afirmou que a concentração para a marcha não deve ser em frente ao Mercado de São Paulo, mas no Largo do Cemitério da Santa Ana.

"Nós, o movimento, entendemos que devemos cumprir a lei e marchar nos termos do nosso itinerário sem mudar a rota", assegurou o activista, convidando a população a juntar-se à marcha "pacífica e ordeira" e a polícia a garantir a segurança dos manifestantes.

O GPL, em ofício assinado pelo gabinete do governador, partilhado esta Sexta-feira pelos organizadores da marcha, diz que "não há inconveniente na realização da marcha" e orienta os activistas a contactarem o Comando da Polícia para "concertação das medidas de segurança e alinhamento quanto ao itinerário".

A Lusa contactou o porta-voz da polícia em Luanda, mas não obteve resposta até ao momento.

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