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Rafael Marques discute direitos humanos em Angola com Governo dos EUA

O activista angolano Rafael Marques disse hoje à Lusa que expôs as situações de abusos dos direitos humanos em Angola junto do Departamento de Estado norte-americano, em Washington.

Rede Angola:

O jornalista e activista reuniu-se esta segunda-feira na capital dos Estados Unidos com a subsecretária de Estado para os Assuntos Africanos, Linda Thomas Greenfield, sobre abusos aos direitos humanos e, em especial, o caso dos prisioneiros de consciência detidos desde Junho e acusados de “rebelião” pelo Ministério Público angolano.

“Expliquei qual é a situação e notei da parte do Governo americano preocupação com este caso sério. É importante que da parte da sociedade angolana haja capacidade de discutir esta questão com os governos que têm relações bilaterais com Angola porque estamos a viver um momento crítico”, disse à Lusa o autor do livro “Diamantes de Sangue”.

Rafael Marques acrescentou que é “importante reconhecer os esforços do Governo americano” em ouvir outros sectores da sociedade angolana. “Não devemos esperar que sejam os países estrangeiros a resolver os nossos problemas, mas é importante que compreendam a situação, porque têm interesses em Angola e esses interesses devem estender-se também ao bem-estar das populações angolanas, à democracia e ao respeito pelos direitos humanos”, disse.

“É importante e deve ser realçado - não é pedir a intervenção dos Estados Unidos - mas que se note, como fez Linda Thomas Greenfield, que mostrou preocupação sobre a situação actual em Angola no que concerne ao exercício das liberdades garantidas pela Constituição, aos direitos humanos e sobretudo à prisão dos 15 jovens”, explicou Rafael Marques, após o encontro.

O activista sublinhou que todas as iniciativas devem partir dos angolanos para que a comunidade internacional tenha conhecimento do que se passa, no sentido de fazer ver “ao Governo de Angola qual deve ser o seu papel no concerto das nações” e como deve tratar os seus próprios concidadãos no âmbito das suas responsabilidades assumidas a nível internacional.

Rafael Marques referiu-se principalmente ao caso dos prisioneiros de consciência acusados da preparação de uma rebelião e de um atentado contra o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil que aprendiam num curso de formação.

"Os arguidos planeavam, após a destituição dos órgãos de soberania legitimamente instituídos, formar o que denominaram ‘Governo de Salvação Nacional' e elaborar uma ‘nova Constituição'", lê-se na acusação, deduzida três meses depois das detenções e à qual a Lusa teve hoje acesso.

“É um momento que tem que ver com a eliminação do bom senso no seio do Governo, com estas acções erráticas, com esta emergência do fascismo que poderá fazer perigar a estabilidade política em Angola”, disse.

Como disse recentemente o frei Júlio Candeeiro, um padre angolano, o pior perigo para a instabilidade política em Angola é a injustiça e esses actos de injustiça - e a forma como o Governo tem estado a levar o poder judicial para impor o fascismo em Angola - representa um perigo muito grande e é preciso que a comunidade internacional entenda isso”, conclui Rafael Marques.

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