Segundo Jacelino Pinto, supervisor da unidade, as queimadas estão a ser feitas à volta do perímetro da unidade de recepção e processamento de gás proveniente da fábrica Angola LNG, para o funcionamento de algumas turbinas da central do ciclo combinado do Soyo.
"Temos conhecimento que as queimadas acontecem por conta da necessidade dos camponeses prepararem as áreas de cultivo, a caça aos ratos, o que acontece é que durante as queimadas as centelhas viajam para o interior da unidade, o que acaba por ser um risco para aquilo que são as nossas actividades diárias", disse Jacelino Pinto, em declarações à Rádio Nacional de Angola.
O responsável frisou que esta questão preocupa, porque "existe uma série de pressupostos de segurança que precisam de ser assegurados, por formas a evitar situações catastróficas".
Jacelino Pinto salientou que o vento espalha as centelhas que acabam por "invadir o espaço interno da unidade e do corredor do gasoduto, criando o risco de incêndio, de explosão".
Recentemente, o activista Rafael Maques, director do portal Maka Angola, disse, citando o Sistema Global de Informação de Incêndios Florestais, que a questão das queimadas é um problema e, só na segunda semana deste mês, os incêndios florestais devastaram seis por cento do total da superfície terrestre de Angola.
"Trata-se da percentagem mais alta de terra queimada no mundo, seguindo-se a nossa vizinha República Democrática do Congo, com 2,6 por cento", referiu Rafael Marques no seu artigo sobre as queimadas.
Por sua vez, a Global Forest Watch, também citada pelo investigador, revelou que, só neste ano de 2024, a monitoria internacional registou 109.349 alertas de incêndio florestais em Angola, estimando que, de 2001 a 2023, Angola perdeu perto de quatro milhões de hectares de cobertura de árvores, equivalente a sete por cento do total da cobertura de árvores no país.