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Fotos tiradas por soldados na guerra colonial reveladas em livro 50 anos depois

Fotografias tiradas por soldados portugueses em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique durante a guerra colonial, que revelam um lado mais doméstico do conflito, como o quotidiano, as paisagens ou os civis, foram reunidas num livro que será publicado em Setembro.

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“A Guerra Guardada. Fotografia de Soldados Portugueses em Angola, Guiné Bissau e Moçambique, 1961 1974” é o título de um livro, a ser editado pela Tinta-da-China, que parte da exposição homónima que esteve patente no Museu do Aljube (Portugal) entre 13 de Janeiro e 3 de Abril de 2022.

Estas são fotografias que os milhares de homens mobilizados para as ex-colónias portuguesas tiraram àquilo que os rodeava, segundo a informação disponibilizada pelo Museu do Aljube relativamente à exposição que agora ganha nova vida e se prolonga em livro.

O resultado não é, como se poderia imaginar, apenas imagens de soldados em operação, mas sobretudo em ambiente descontraído e informal, dentro e fora do quartel, com ou sem farda.

Os camaradas, os quartéis, as paisagens, o quotidiano, as populações civis, o aparato militar, imagens que escaparam à censura do regime e foram guardadas ou enviadas pelo correio como provas de vida à distância. 

Alguns destes homens construíram laboratórios improvisados, outros acederam a laboratórios oficiais, vários frequentaram lojas de fotografia que floresceram com a procura gerada pela guerra, muitos compraram e trocaram imagens. 

Foi desta forma que construíram os arquivos fotográficos, cujas imagens e histórias que guardam foram mantidas durante anos na estreiteza dos seus círculos pessoais.

Cinquenta anos após o início do conflito, algumas colecções de antigos soldados foram destruídas, outras ficaram órfãs, com o desaparecimento dos seus donos, mas muitas sobrevivem ainda, conservadas em álbuns ou em caixas, analógicas ou digitalizadas, e são mostradas em círculos restritos ou partilhadas nas redes sociais.

O salto para o espaço público deu-se através de uma pesquisa etnográfica levada a cabo no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa pelas investigadoras Inês Ponte e Maria José Lobo Antunes com ex-combatentes e as suas colecções fotográficas.

A maioria destas coleções foi recolhida através de entrevistas presenciais, as restantes estão publicadas em diversos sítios e arquivos da Internet.

Dispersas um pouco por todo o país, retratam um tempo e um espaço distantes, e mostram uma guerra vivida, mas também imaginada. Banais ou extraordinárias, revelam os muitos mundos de uma guerra longa e anacrónica que foi mandada combater pela ditadura, destaca o Aljube.

Assim, “A Guerra Guardada” explora colecções pessoais de homens que em tempos foram soldados, a que se juntam, no livro a ser editado, textos de investigadores e obras de artistas e compositores que, de diversas formas, refletem sobre o colonialismo, a guerra e o fim do império português, revela a Tinta-da-China.

Segundo a editora, contribuem para este volume, além das investigadoras, autores como Cláudia Castelo, Joaquim Paulo Nogueira, Kevin Carreira Soares, Miguel Cardina, Miso Music Portugal, Paulo Faria, Pedro Aires Oliveira, Rita Luís e Rui Lopes.

As criações artísticas são de Ana Vidigal, Daniel Barroca, Daniel Schvetz, Diogo Alvim, Lino Damião, Patrícia Barbosa e Pedro Lima.

“A Guerra Guardada. Fotografia de Soldados Portugueses em Angola, Guiné Bissau e Moçambique, 1961 1974” chega às livrarias no dia 5 de Setembro.

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