Em 2021, África foi o principal destino da China para roupas em segunda mão, particularmente Angola, Gana e Quénia, que importou 20 por cento do vestuário proveniente do país asiático, cujas exportações passaram de 53 milhões de dólares em 2020 para 140 milhões de dólares em 2021, salienta-se no relatório da Comissão Económica das Nações Unidas (UNECE) datado de Junho de 2024.
Estas peças de vestuário são originárias normalmente dos países mais ricos e vendidas aos mais pobres, sendo os principais exportadores a União Europeia (30 por cento), a China (16 por cento) e os Estados Unidos (15 por cento), enquanto a Ásia, predominantemente o Paquistão, representou 28 por cento das compras, África 19 por cento, (sobretudo o Gana e o Quénia) e a América Latina 16 por cento (sobretudo o Chile e a Guatemala).
No relatório, intitulado "Mudando a direcção na crise do vestuário usado: Perspectivas mundiais, europeias e chilenas", salienta-se que o modelo de produção na indústria têxtil deixou de ser baseado nas fibras naturais e em políticas proteccionistas para um modelo em que as fibras sintéticas se tornaram omnipresentes, a produção foi deslocalizada e a velocidade de fabrico e distribuição dos produtos acelerou rapidamente.
Este modelo de 'fast-fashion' (moda rápida) que envolve mais colecções por ano, geralmente a preços baixos, e usadas durante cada vez menos tempo levou a uma sobreprodução e sobreconsumo de roupas, que estimularam o desenvolvimento do mercado de vestuário em segunda mão, com transacções avaliadas em 9,3 mil milhões de dólares em 2021.
Os volumes de roupas descartadas aumentaram quase sete vezes nas últimas três décadas, segundo o relatório da UNECE.
No documento refere-se igualmente que o aumento da produção de vestuário foi acompanhado de uma redução na qualidade.
Grande parte do vestuário é fabricado a partir de fibras sintéticas misturadas difíceis de separar, reduzindo as possibilidades de reutilização económica e reciclagem particularmente nos países desenvolvidos, salienta.
As exportações de vestuário em segunda mão da União Europeia para mais de 100 países – principalmente na Ásia e África – ultrapassaram 1,8 milhões de toneladas com um valor de 1,66 mil milhões de dólares em 2021.