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Lula da Silva atribui “nota 10” à visita de Estado a Angola e anuncia criação de consulado geral em Luanda

O Presidente brasileiro deu no Sábado “nota 10” à sua visita de Estado a Angola, considerando que foi a melhor visita que fez ao país africano, manifestando-se disponível a partilhar experiência do seu país sobre o combate à fome e fez ainda saber que o Brasil vai criar um consulado geral em Luanda, o primeiro num país africano lusófono.

: Ricardo Stuckert (Via: Facebook do Lula)
Ricardo Stuckert (Via: Facebook do Lula)  

"Acho que essa foi a melhor visita que eu fiz a Angola, melhor visita que fiz, quero agradecer inclusive o carinho que o Presidente João Lourenço teve com a minha delegação, tratamento perfeito e só tenho de agradecer, vou dar nota 10 para esta visita e na próxima vez vou dar 10,5", respondeu Lula da Silva à Lusa.

Em declarações aos jornalistas, no balanço da sua visita de dois dias a Angola, o chefe de Estado brasileiro disse que a ocasião serviu para sinalizar o regresso do Brasil a Angola e o reforço das relações bilaterais que duram há quase cinquenta anos.

Fazendo o balanço da visita a Angola no Instituto Guimarães Rosa (IGR) de Luanda, onde inaugurou este Sábado a Galeria Ovídio de Andrade Melo, o Presidente brasileiro manifestou igualmente abertura do seu país em partilhar com Angola experiências sobre o programa "Fome Zero".

"Acho que Angola tem todas as condições, estou a ter informações sobre o canal de água em construção no Cunene, acho extremamente importante, e nós temos interesse em trocar com Angola todas as experiências das nossas políticas de inclusão social, levando em conta a realidade de cada país", disse.

Segundo Lula da Silva, a fome é combatida "se os países compreenderem que os povos pobres têm de entrar no Orçamento da nação".

"Não adianta você começar a fazer o orçamento com tanto para a diplomacia, defesa, saúde, educação, tudo é importante, mas tem que ter a parte do povo pobre e foi isso que nós conseguimos fazer e deu certo no Brasil", notou.

"Se a gente levar condições para o pequeno produtor produzir, a gente vai acabar com a fome", rematou o Presidente do Brasil.

Criação de consulado geral em Luanda

Ainda no Sábado, Lula da Silva anunciou que o Brasil vai criar um consulado geral em Luanda, o primeiro num país africano lusófono, para maior solidificação das relações com Angola, onde vivem quase 30.000 brasileiros.

"Com aproximadamente 30 mil brasileiros, Angola já alberga nossa maior comunidade em todo o continente africano, por isso instruí o ministro (das Relações Exteriores do Brasil) Mauro Vieira a estudar a abertura de um consulado geral em Luanda que seria o primeiro num país de língua portuguesa em África", disse.

O chefe de Estado brasileiro deu a conhecer também que Luanda e Salvador vão acolher, em 2025, uma conferência de intelectuais, no âmbito dos 50 anos das relações bilaterais.

Educação e cultura marcaram o último dia de visita de Estado do Presidente do Brasil a Angola, tendo descerrado da placa da galeria Ovídio de Andrade Melo, patente no IGR, também conhecido como Centro de Cultura Angola – Brasil.

Lula da Silva inaugurou a galeria, saudou as figuras presentes no auditório, entre elas os escritores angolanos Artur Pestana "Pepetela", Prémio Camões, e Ondjaki, em cerimónia marcada também pela exibição do grupo de música folclórica angolana "Nguami Maka".

Destacou a importância do edifício, situado no Bairro dos Coqueiros, centro de Luanda, que alberga hoje o IGR, construído em 1920 e que por décadas albergou a elite colonial até à guerra da independência de Angola.

Sobre Ovídio de Andrade Melo, figura homenageada no espaço, o chefe de Estado brasileiro disse que foi um "grande diplomata e humanista brasileiro destacado pela sua coragem".

"Mesmo sob circunstâncias políticas adversas no Brasil apoiou a luta do povo angolano pela sua independência, na sua longa carreira diplomática, sempre acompanhado pela sua esposa, esteve à frente de outras tarefas de grande relevo", notou.

"Este instituto, fruto da cooperação com o Brasil, é um espaço dinâmico onde as nossas culturas se encontram, aqui diferentes gerações de intelectuais e artistas brasileiros e angolanos contribuem para a cena cultural de Luanda", assinalou.

Reafirmou, na sua intervenção, que o regresso do Brasil a África se fará também pelos caminhos da cultura e prometeu a reedição das conferências de intelectuais de África e da diáspora, evento já realizado no Senegal, em 2004, e em Salvador em 2006.

"Essa iniciativa que aproximou intelectuais das duas margens desse rio, chamado Atlântico, como parte dos preparativos dos 50 anos de relações diplomáticas presente entre os nossos países, em 2025, vamos reeditar essa conferência em Luanda e em Salvador", garantiu.

Lula da Silva encerrou a sua intervenção com uma citação do escritor angolano Pepetela: "Não há nada pior no homem do que a falta de imaginação, é o mesmo no casal, é o mesmo na política, a vida é uma criação constante", aludiu.

Nas relações entre Brasil e Angola é preciso "sonhar alto e sonhar muito longe", rematou, com fortes aplausos dos presentes.

No final da cerimónia, também prestigiada pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, o Presidente brasileiro convidou o grupo musical "Nguami Maka" para uma foto e na sequência a delegação brasileira subiu ao palco e sambou ao som dos executantes dos instrumentos tradicionais de Angola.

Ainda durante a sua passagem por Angola, Lula da Silva convidou João Lourenço a participar na cimeira do G20, que decorrerá em Setembro do próximo ano no Rio de Janeiro. "Quero aproveitar e convidar o Presidente João Lourenço para participar da reunião do G20 ao longo da presidência brasileira que terá início em Dezembro deste ano e iremos realizar a próxima reunião do G20 no Rio de Janeiro, possivelmente em Setembro de 2024", disse.

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