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Lula da Silva: Brasil “voltou de verdade” a Angola, “esquecida” na era Bolsonaro

O Presidente do Brasil disse que Angola “foi esquecida” na era Bolsonaro, “um Presidente que não gostava de ninguém”, garantindo que o seu país voltou de verdade para Angola e África, lugares de “onde nunca deveria ter saído”. Lula da Silva também salientou que “Angola tem no Brasil um parceiro e um amigo”.

: Ricardo Stuckert (Via: Facebook do Lula)
Ricardo Stuckert (Via: Facebook do Lula)  

Luiz Inácio Lula da Silva, que falava em Luanda, onde realizou uma visita de Estado, disse que se deslocou a Angola para pagar uma dívida pelo facto do seu homólogo angolano ter participado da sua investidura e se ter solidarizado com a "tentativa de golpe frustrada" a 8 de Janeiro passado.

Justificou ainda a sua visita pelo facto de o seu país ter sido o primeiro a reconhecer a independência de Angola: de lá para cá "todos os governantes deram atenção à Angola e o Brasil teve uma forte política em Angola", afirmou.

"Apenas nos últimos tempos quando o país foi tomado pelo ódio, pela 'fake news' e pela mentira, um Presidente que não gostava de ninguém, Angola foi esquecida", atirou.

"Estou aqui hoje para dizer de que o Brasil vai voltar ao continente africano, quero visitar o máximo de países que eu puder visitar, quero fazer o máximo de acordo que eu puder fazer, quero contribuir de forma solidária onde puder, mas Angola sempre será a nossa porta de entrada neste continente", assegurou.

Em declarações ao lado do seu homólogo angolano, João Lourenço, na sequência da assinatura de sete memorandos de entendimento, recordou também as relações históricas de quase 50 anos entre ambos os países.

"Temos uma relação histórica, o ano que vem completaremos 50 anos de relação e eu espero que quando completarmos 50 anos estejamos a cem por hora na nossa economia, no cuidar do povo para que a gente possa dizer que vale a pena", realçou.

"Estou aqui para dizer ao povo de Angola que o Brasil voltou de verdade. Angola, nós temos uma relação preferencial e nós vamos tentar fazer o que for possível para que a gente possa ter a mais produtiva, a mais saudável relação com a nossa querida Angola", assegurou.

Falando, em meio de aplausos de ambas delegações presentes no Palácio Presidencial, o Presidente brasileiro reafirmou ao homólogo angolano: "Companheiro João Lourenço, esteja certo de que estamos de volta de verdade de onde nós nunca deveríamos ter saído".

Lula da Silva defendeu ainda que João Lourenço deve retribuir a sua visita a Angola com uma deslocação ao Brasil, considerando que uma viagem do Presidente angolano ao seu país "deve ser sumptuosa e de dois países que querem ser grandes".

"E para que a gente seja grande, temos de sonhar grande e para sonhar grande a gente tem de fazer coisa grande", argumentou, falando numa "reunião com todos os ministros de Angola e do Brasil".

"Temos que marcar uma forte reunião com os empresários e temos que mostrar o que é que o empresário brasileiro pode ganhar fazendo investimentos em Angola e o que Angola pode ganhar com os empresários brasileiros em Angola, é isso que vamos mostrar", rematou.

Já durante uma intervenção numa sessão solene do parlamento, realizada para assinalar a sua visita de Estado de dois dias a Angola, o Presidente do Brasil disse que "Angola tem no Brasil um parceiro e um amigo".

Lula da Silva salientou o "orgulho" do Brasil em ter sido "o primeiro país do mundo a reconhecer" a independência de Angola.

"Temos orgulho de fazer parte da moderna história deste país. Uma história rica e vitoriosa, que bem exemplifica a capacidade das nações africanas de assumir o seu próprio destino" destacou Lula da Silva, frisando que a sua visita "marca o reencontro do Brasil com África, relança a cooperação bilateral e prepara uma agenda robusta para comemorar, em 2025", os 50 anos de relações diplomáticas.

O Presidente brasileiro salientou que o Brasil e Angola têm "semelhanças e afinidades profundas" e considerou que "as matrizes africanas são constitutivas" da identidade nacional brasileira.

Com a sua visita a Angola, Lula da Silva disse querer "inaugurar uma nova agenda de cooperação (...) que também sirva de modelo para outros países" e defendeu que o Brasil "tem condições de voltar a ser um grande parceiro de Angola no seu desenvolvimento".

Um desenvolvimento, acrescentou, "fundado no fortalecimento da agricultura e da indústria, no progresso científico e tecnológico, em transição energética e na protecção do meio ambiente e da biodiversidade".

"Outro desafio que precisamos enfrentar juntos é o de encontrar novas fontes de energia, que possam frear os efeitos devastadores da mudança do clima. O Brasil vem trabalhando em soluções há mais de quatro décadas. Com os biocombustíveis, chegamos a uma opção viável, limpa, relativamente barata e acessível a boa parte dos países do Sul", destacou.

"A consolidação dos mercados de bioenergia permitirá que a África em breve disponha de nova fonte de recursos para financiar as suas necessidades de desenvolvimento", afirmou, defendendo que Angola, devido à floresta tropical que tem "é uma aliada natural dos países amazónicos na busca por uma remuneração justa pelos serviços que esses biomas e sua biodiversidade prestam ao mundo".

Na sua intervenção, a presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, saudou Lula da Silva, a quem Angola reconhece os "grandes atributos de um estadista, de um diplomata, de um defensor intransigente dos mais desfavorecidos, de um dos maiores políticos do século XXI".

"O mundo que queremos, senhor Presidente, é um mundo onde a cooperação Sul-Sul seja forte e próspera, para que sejamos os protagonistas dos nossos destinos, dos nossos desejos e do nosso futuro", salientou Carolina Cerqueira, citando as palavras de Lula da Silva na recente cimeira dos BRICS, realizada em Joanesburgo.

"Este mundo precisa do Brasil, uma nação diversa, múltipla e progressista", vincou.

Lula da Silva deixou Luanda no Domingo de manhã, partindo para São Tomé e Príncipe para participar na XIV Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

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