“O Sangue de todas as cores - África em nós” é o nome do espectáculo multidisciplinar, da Companhia João Garcia Miguel, que Terça-feira sobe ao palco do espaço Damas.
O autor do texto e director artístico, João Garcia Miguel, disse à agência Lusa que conheceu parte deste poema numa das visitas que fez a Moçambique, o que o levou a querer conhecer não só este poema, como a obra de Noémia de Sousa.
Ao poema juntou-se a sua vontade de “trabalhar algo que tem muito a ver com os intérpretes, os corpos africanos, a relação com a África” e o relacionamento com “os corpos, os intérpretes, o actor africano, o bailarino africano, a expressão performativa africana”.
Para o palco, João Garcia Miguel conduziu a desconformidade que Noémia coloca na sua poesia, relacionando as viagens, o esclavagismo, o tráfico de escravos, a relação da África com o Brasil.
“Relacionámos muito esta ideia com o Brasil, esta ideia de um sangue negro que também viajou para o mundo todo e criou, no fundo, uma cultura com várias formas de expressão”, adiantou.
E acrescentou: “O público irá encontrar um espectáculo que é uma espécie de assembleia popular, muito próxima do público, muito íntima, que convoca a ideia do espaço público, de reunião, manifestação de fraternidade e de solidariedade, que leva as pessoas a confrontarem-se com esta ideia entre aquilo que é cada um com o seu sonho de vida e a ideia de que o sonho de vida só é possível se nós também alimentarmos algo que é colectivo”.
“Os poemas são usados porque, no fundo, nós criámos, tal como a Noémia, um sonho de utopia, do nascimento de uma democracia nova, renovada, que fala sobre este sangue de todas as cores, que fala sobre este mundo que, de alguma maneira, todos nós sonhamos e imaginamos”, adiantou.
Edmundo Sardinha, José Trassi, Leo Emílio, Mai Júli Machado, Preta Ferreira, Ramadane Matusse são os atores que dão vida a este “Sangue negro”.