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Adesão de Angola à Transparência nas Indústrias Extractivas garante divulgação dos contratos

A Iniciativa para a Transparência nas Indústrias Extractivas (ITIE) considerou este Domingo que a adesão de Angola, aprovada na Sexta-feira, vai garantir "que informações cruciais sobre o sector extractivo de Angola sejam tornadas públicas".

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Numa nota enviada à Lusa no seguimento da adesão de Angola, a organização afirma que "a apresentação de relatórios em conformidade com o Padrão da ITIE ajudará a garantir que informações cruciais sobre o sector extractivo de Angola sejam tornadas públicas, incluindo beneficiários efectivos e contratos relativos a empresas extractivas, bem como a gestão das empresas estatais e das receitas sectoriais".

Esta organização dedicada à transparência e responsabilização na indústria extractiva acrescenta que "as divulgações exigidas no âmbito da implementação da EITI podem contribuir para identificar riscos de corrupção, deficiências na administração e áreas de perdas de receita e, em última análise, estas informações podem apoiar a tomada de decisões e a formulação de melhorias e promover o debate público em Angola".

Angola viu a sua candidatura aprovada na Sexta-feira, depois de um processo que demorou três anos, e que fecha um ciclo para a própria organização, já que foi o sector petrolífero de Angola que motivou a própria criação desta entidade com sede em Oslo, na Noruega.

"Em 2003, a opacidade no sector petrolífero de Angola levou à formação da IETI, quando os apelos dos defensores da sociedade civil para abordar questões de corrupção atraíram uma atenção considerável", proporcionando a criação de um "padrão global de relatórios", lembra a organização, acrescentando que "os riscos de corrupção e os desafios de governança persistiram em Angola ao longo dos anos, e houve repetidos convites para o país implementar o Padrão da IETI", algo que só agora acontece.

Angola junta-se à IETI "numa conjuntura crítica em relação à governação extractiva global; a pandemia da covid-19 e a recente volatilidade nos preços do petróleo colocaram em foco a vulnerabilidade da maioria dos países dependentes de extractivos e aumentaram os apelos para se envolverem na transição energética", acrescenta-se ainda na nota enviada à Lusa.

Na Sexta-feira, o ministro dos Petróleos e Recursos Minerais, Diamantino Azevedo, disse que foram cumpridos todos os procedimentos que a ITIE exigia para a aceitação como membro, tendo sido o primeiro passo a declaração de intenção do Governo.

Diamantino Azevedo sublinhou que Angola se lançou ao desafio tendo em conta o princípio da transparência e de combate à corrupção, que rege a governação do Presidente, João Lourenço, e a necessidade mudar alguns aspectos no sector.

O governante angolano e presidente da comissão nacional que dirigiu o processo salientou que a equipa integrou, além de representantes do Governo, das empresas mineiras e petrolíferas nacionais e estrangeiras, membros da sociedade civil.

"Tivemos o processo de trabalhar com a sociedade civil desde o início e que aproveito para agradecer pelo seu engajamento ao longo de todo o processo", referiu.

A candidatura de Angola foi submetida em Março deste ano, tendo passado por diferentes órgãos de avaliação da ITIE, culminando na Quinta-feira com a admissão pelo Comité Internacional da ITIE.

Segundo o ministro, contribuíram para a aceitação estratégias políticas e reformas no sector, nomeadamente, a eliminação de alguns conflitos de interesse a nível da indústria extractiva.

"E foi assim que o fizemos, primeiro, alterar o modelo de governação, e foram aprovados os novos modelos de governação, tanto para o sector mineiro como para o sector petrolífero, que, essencialmente, estratificam a actividade de cada órgão, definem claramente qual é a actividade do Governo, através do ministério da tutela e a actividade das agências reguladores e a actividade das empresas tanto privadas, como estatais", sublinhou.

O titular da pasta dos Petróleos e Recursos Minerais destacou que, com este modelo, foram eliminados conflitos de interesse que havia, "em que, por exemplo, as empresas nacionais exerciam diferentes papéis".

"Desenvolviam papel empresarial, papel regulador, papel de concessionária e tudo isto criava algum estrangulamento à nossa actividade, por um lado, em termos de transparência, 'compliance' [observância], mas também impediam o desenvolvimento harmonioso da actividade petrolífera como de outros recursos minerais", disse.

Diamantino Azevedo ressaltou que a integração na ITIE vai obrigar o Governo, empresas estrangeiras e sociedade civil a uma superação própria, "trazendo mais transparência nos actos de governação e actividade empresarial, bem como na actividade da sociedade civil também".

"Isto vai contribuir também para que melhore a eficiência, a transparência e que possamos todos monitorizar melhor o uso das receitas provenientes da actividade da indústria extractiva", salientou.

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