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Filomena Reis: “Gostaria de viver exclusivamente da representação”

Nasceu em Luanda, há 22 anos, e é estudante de Direito na Universidade Metodista de Angola. A tenra idade não lhe tira já alguma experiência em palco. Desde pequena que sonha com uma carreira como actriz, mas as dificuldades do mundo da representação fizeram despertar uma outra paixão: a apresentação televisiva. Dividida, Filomena Reis ou a Vanessa Loca de Jikulumessu, não esquece nunca a emoção que o carinho e o apoio do público lhe trazem e o enriquecimento pessoal que cada personagem que interpreta lhe proporciona, como actriz e mesmo como pessoa.

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Ser actriz é um sonho antigo?

Sempre sonhei trabalhar na televisão. O bichinho da representação foi o primeiro a aflorar-se dentro de mim. Com 19 anos fiz o meu primeiro casting, na Semba Comunicação, e tive uma curta participação no filme "Njinga Mbandi".

Quando foi a primeira vez que a Filomena subiu a um palco? O que sentiu?

Tem graça que, a primeira vez que subi ao palco, foi este ano, concretamente no dia 1 de Abril, com a peça teatral "A Teia". O projecto foi idealizado por mim, com a realização do comité Miss CPLP Angola, e produção da associação Jucarente, na qual sou membro.

Como foi a reacção quando foi escolhida para interpretar a personagem Vanessa Loca na novela Jikulumessu?

Foi um sonho... Eu e toda a minha família ficamos muito felizes! Tinha saído de um momento muito difícil da minha vida... Passei por uma depressão muito forte, depois de ter perdido a minha irmã, e toda minha família me incentivou muito para fazer o casting. Fui sem esperar nada, e saí de lá com um papel que mudou a minha vida completamente.

O que é que a Filomena aprendeu com a Vanessa? Esta personagem enriqueceu-a como actriz?

Enriqueceu muito! Ganhei o vício de fazer colecção de sapatos altos... (risos) A Vanessa era uma menina rica e muito mimada, filha única. Essa personagem sempre será muito especial, porque até fiz um papel cómico. Vanessa é o meu primeiro bebé, a quem amo muito e sinto saudades, não só a personagem mas também do convívio com pessoas incríveis. Ganhei muitos amigos e alguns deles até considero irmãos.

Teve feedback sobre a sua personagem?

Agradeço sempre a Deus porque, até agora, recebo mensagens carinhosas das pessoas e de encorajamento. Fico muito emocionada, por tanto carinho de pessoas que, muita das vezes, nunca me viram pessoalmente, mas demonstram um grande apresso, por mim e pelo meu trabalho.

Como foi a interacção com os restantes actores?

Foi incrível... Não tenho o que me queixar. Como já tinha dito, ganhei uma família. Levo grandes amigos deste projecto que foi o Jikulumessu.

Quem são as suas actrizes favoritas? Vê-as como exemplos a seguir?

Tenho muitas actrizes que admiro... (risos) Aqui é a Tânia Burity, fora, tenho a Tais Araújo, Mariana Ximenes, Mariana Ruy Barbosa, Bruna Marquezini, Paola Oliveira... A lista é longa... (risos)

Teve mais trabalhos na área da representação? Quais?

Há um tempo fiz a personagem Ester Irazaba, um projecto teatral que eu mesma idealizei, e voltei a sentir o carinho do público. Foi uma peça que teve muita adesão por parte do público.

Qual foi o papel que mais gostou de desempenhar?

É difícil responder a essa pergunta. Até agora, Ester e Vanessa foram os papéis que mexeram mais comigo, e me completaram de alguma forma. Foi bom desempenhar os dois papéis. Os papéis que gostaria de desempenhar... Uma vilã ou homossexual. São papeis que exigiriam o dobro de mim e, de certeza, me tirariam da minha zona de conforto.

Gostaria de contracenar com alguém em especial?

Alguém especial... Nunca pensei muito sobre isso porque, como disse, admiro o trabalho de muitos actores. Sonho em seguir uma carreira internacional. Assimilar um pouco da experiência de actores de outros países, outras culturas. Realizando isso, quem sabe começo a ambicionar contracenar com essas feras da representação, que eu tanto admiro.

Neste momento, está envolvida em algum projecto?

Neste momento quero afirmar-me como apresentadora de televisão, ou repórter. Tudo dentro das câmaras, pois é isso que gosto realmente de fazer. Tenho em carteira alguns projectos que idealizei, e falta-me só encontrar as pessoas certas, para fazer parceria. Mas é claro que jamais esquecerei a representação.

Como é ser actriz em Angola?

Ser actriz no nosso país é muito difícil. Infelizmente, neste momento não há trabalho para nós actores, por isso mesmo, temos que ter um outro trabalho, como suporte, coisa que me deixa muito triste. Gostaria de viver exclusivamente da representação, mas tenho fé que um dia chegarei a esse patamar.

Tem algum conselho para os jovens que sonham ser actores?

Que persistam nos seus sonhos, por mais que lhes seja dito que não são capazes. Se é isso que querem, sigam em frente sem olhar para trás. É claro que, às vezes, dá aquele desânimo e por mais que estejam a fazer tudo, ainda assim não conseguem chegar ao objectivo. Saibam que Deus tem um plano para tudo, e tudo acontece na hora certa, e no tempo certo. Se ainda não conseguiram, não desistam porque uma hora dará certo, e vai valer muito mais a pena.

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