A informação consta do prospecto da emissão de eurobonds de 3000 milhões de dólares, a 10 e 30 anos e com juros acima dos 8,2 por cento ao ano – concretizada pelo Estado este mês – que foi enviado aos investidores e ao qual a Lusa teve acesso.
No documento de mais de 200 páginas de suporte à operação de colocação de títulos da dívida pública angolana em moeda estrangeira, a segunda do género feita pelo país e denominada "Palanca 2", é referido que Angola está actualmente a negociar "várias novas facilidades de crédito", algumas das quais em fase avançada de negociação.
É o caso de uma linha de financiamento em negociação com os chineses do ICBC (Banco Industrial e Comercial da China), para projectos de infra-estrutura em Angola, avaliados em 11.700 milhões de dólares.
Tendo ainda o ICBC como angariador, agente e credor original, o Governo, lê-se no documento, está "em vias de celebrar um contrato de empréstimo" de 1.281,9 milhões de dólares, para financiar até 85 por cento do preço do contrato para a concepção, construção e fornecimento de equipamentos do Novo Aeroporto Internacional de Luanda, em construção por empresas chinesas nos arredores da capital.
Este empréstimo será por um período de 15 anos e inclui um período inicial de carência de 18 meses, durante o qual Angola não é obrigada a reembolsar o montante principal do empréstimo.
Através do banco estatal chinês que apoia as importações e exportações do país (CHEXIM Bank), Angola está a negociar um financiamento para a construção da marginal de Corimba, em Luanda, de 690,2 milhões de dólares, para o sistema de transporte de electricidade da barragem de Lauchimo, por 760,4 milhões de dólares, e para a construção da base da Academia Naval, em Kalunga, Porto Amboim, no valor de 1100 milhões de dólares.
Só entre 2013 e final de 2017, dados do Governo indicam que a dívida total de Angola à China – bilateral e aos bancos comerciais chineses – passou de 4700 milhões de dólares para 21.500 milhões de dólares, equivalente a mais de 60 por cento de toda a dívida contraída externamente pelo país.
No prospecto distribuído aos investidores na emissão de ‘eurobonds' é referido ainda que o Governo está a negociar um acordo de financiamento de 500 milhões de dólares com os franceses do Crédit Agricole Corporate and Investment Bank (CACIB) e mais 500 milhões de dólares com o espanhol BBVA, para exportações de empresas espanholas para Angola.
Somam-se negociações com o Standard Chartered Bank e o Banco Mundial, para uma linha de financiamento de 600 milhões de dólares e outra de 678 milhões de dólares com o BNP Paribas em conjunto também com o Banco Mundial.
Tendo a Germcorp como angariadora, Angola está ainda negociar uma linha de crédito para a compra de bens de capital, de 600 milhões de dólares, com opção de subir até ao dobro, para ser usado por agências de crédito à exportação.
A última negociação em curso envolve o Commerzbank Aktiengesellschaft, o segundo maior banco comercial da Alemanha, e um financiamento de 500 milhões de euros para exportações para Angola.
Ainda sem estes acordos de financiamento fechados, o Governo estima fechar 2018 com um endividamento público de 77.300 milhões de dólares, equivalente a 70,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país para este ano, excluindo a dívida da Sonangol.