A descoberta partiu de um esforço conjunto entre uma equipa de investigadores internacionais que trabalhou com angolanos, sob a liderança do português Luís Ceríaco. Os primeiros exemplares foram encontrados na Serra da Neve, no Namibe, em 2013. Após conclusão de que seria de facto uma nova espécie, o artigo com a descrição oficial foi agora publicado na revista científica Vertebrate Zoology.
Este trabalho insere-se na colaboração entre o Instituto Nacional da Biodiversidade e Áreas de Conservação do Ministério do Ambiente de Angola e uma equipa de herpetólogos portugueses e norte-Americanos. Parte do mesmo foi financiado pela National Geographic Society.
A nova espécie é uma pequena osga noturna. Tem um tamanho máximo de 4,5 centímetros e escamas dorsais largas e um pouco espinhosas. Em termos de coloração, apresenta um dorso bege ou castanho homogéneo e uma mascarilha negra ao redor dos olhos. Habita nas zonas mais rochosas e montanhosas da província do Namibe, como a Serra da Neve, o segundo ponto mais alto de Angola. A nova espécie diferencia-se das demais espécies conhecidas com base na sua coloração, escamas e DNA mitocondrial.
Tal como todas as espécies do género Pachydactylus, esta nova espécie é nocturna e alimenta-se de pequenos insetos e invertebrados. É uma espécie completamente inofensiva para o ser humano.
Em comunicado, a Universidade Mandume Ya Ndemofayo refere que a nova espécie foi baptizada em honra do investigador e professor universitário angolano Francisco Maiato Gonçalves.
"Ter uma espécie baptizada com o seu nome é uma das mais altas distinções e reconhecimento que um cientista pode ter. De acordo com os autores do artigo, esta distinção visa reconhecer os esforços, dedicação e importantes contributos científicos do Prof. Francisco Maiato Gonçalves para o estudo e conservação da biodiversidade do sudoeste de Angola", refere a instituição.
À Angop, o investigador afirmou que a descoberta e respectivo nome da espécie – além de representar o reconhecimento do seu trabalho – chama a atenção para as suas responsabilidades, que também são de todos, para a protecção dos ecossistemas do país e consequentemente das espécies que nele habitam.
O também vice-reitor da Universidade Mandume ya Ndemufayo para os Assuntos Científicos e Pós-graduação, referiu ser a primeira homenagem nesta perspectiva, reiterando de si a responsabilidade de advogar mais para a preservação destes habitats, considerados especiais.
"Para o país é, sem dúvida, mais um passo para o conhecimento da riqueza em termos de biodiversidade, que o coloca na lista dos mais biodiversos da região", afirmou.
O investigador, que desempenha funções na área desde 2010, chamou ainda a atenção para os desafios do ensino nacional, referindo que existem poucos cursos superiores na área da biologia e similares, sendo que os escassos quadros do sector são capturados por outras áreas.
Defendeu a existência de uma estratégia de formação a nível superior de especialistas nos vários ramos da Biologia, tal como um aumento no financiamento na ciência e na investigação científica, em particular.