Antes de mais conte-me um bocadinho da sua história. Onde nasceu, como foi a sua infância…
Nasci em Luanda onde passei parte da minha infância. Fui para Lisboa com 13 anos, onde concluí o ensino médio e um curso técnico de coordenação e produção de Moda. Aos 24 mudei-me para o Brasil, Santa Catarina, onde concluí em três anos o curso de Designer de Moda.
Lembra-se de quando nasceu a sua paixão pela moda?
Eu costumo dizer que nasci designer (risos), desde muito nova sempre gostei de fazer roupas para as minhas bonecas e para mim, sempre soube muito bem o que eu queria.
Estreou-se no mundo da moda com a sua primeira colecção em 2013 e depressa ganhou o reconhecimento a nível nacional. Ganhar o Troféu Moda Luanda para Criadora do Ano de 2013 abriu-lhe muitas portas?
Sem dúvida que abriu, o meu nome chegou a lugares que nunca pensei que fosse chegar em tão pouco tempo. Graças ao prémio recebo convites por África inteira e mesmo fora, mas o que quero apenas é continuar a criar, para quem gosta do que crio e se identifica com o meu estilo.
Como define as suas criações? De onde surge a inspiração para as suas peças?
Eu não as defino pois a cada criação estou a crescer enquanto designer, o que tento ao máximo é criar peças intemporais, não sigo moda, crio tendências.
O meu estado de espírito é o meu maior aliado na hora da criação e na maior parte das vezes crio para mim mesma, pois eu sei o que gosto e o que procuro e graças a Deus as pessoas gostam do estilo.
O que a distingue dos outros estilistas angolanos? Qual a sua imagem de marca?
Acho que não seguir as tendências é a grande diferença. A minha imagem de marca são os T-dresses, as batas africanas com um “R” no peito.
Onde podemos encontrar as suas criações?
Após um ano de loja aberta e a criar de forma amadora senti que podia ficar-me pelo meu pequeno espaço por muito tempo, mas logo a seguir recebi o prémio e senti que estava na hora de crescer. Neste momento temos as nossas peças no nosso atelier na Ilha de Luanda, casa do Desportista.
Foi convidada a participar no Black Fashion Week, em Lisboa, um evento destinado a levar a moda de inspiração africana às montras europeias. Como correu a experiência?
Recebi o convite à última da hora, tinha acabo de receber o prémio em Luanda e viajei logo para Lisboa. Foi uma experiência fantástica, e a partir daí abriram-se ainda mais portas.
Está pronta para levar as suas criações ao mundo?
É para isso que trabalho!
Trabalha exclusivamente com o público feminino ou também projecta colecções para homem? Qual é o seu público-alvo?
Sim, trabalho exclusivamente com público feminino mas já trabalhei com masculino também, mas preferimos focar-nos no público feminino por enquanto.
Como vê a evolução da moda em Angola. Os angolanos valorizam as criações nacionais?
A moda angolana evoluiu bastante nestes últimos dois anos e sem dúvida que já temos muita gente a valorizar o que é nacional, isso é fantástico, só precisamos de mais gente a vender.
Quais os projectos para o futuro? O que espera de 2015?
O ano de 2015 começou muito bem, acho que será o nosso ano, muitas coisas boas vêm aí, tanto para nós como para o nosso povo.