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Economia

Emissões de dívida soberana devem aguardar por melhores condições nos mercados

Os países da África subsaariana que planeavam fazer emissões de dívida soberana, como Angola, devem aguardar por melhores condições nos mercados, alertam os analistas, lembrando a subida de mais de 1 por cento nos juros exigidos pelos investidores internacionais.

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"Os países emissores de dívida pública na África subsaariana vão provavelmente ter de esperar pela próxima janela, dada a forte queda nos preços das matérias-primas que levou a um desempenho abaixo da média na última semana", comentou à agência de informação financeira Bloomberg o economista chefe da consultora Gemcorp.

"Há toda a probabilidade de os road-shows [viagens de apresentação da emissão] serem muito difíceis por causa do coronavírus e a preferência actual por instrumentos financeiros mais seguros", acrescentou Simon Quijano-Evans.

Em Fevereiro, a taxa de juro média exigida pelos investidores já tinha subido 40 pontos base (0,4 por cento), mas este mês subiram mais 100 pontos para atingir o valor maior nos últimos 12 meses, calculou a JPMorgan Chase, o que compara com um aumento de 0,6 pontos percentuais para a média dos mercados emergentes.

A subida dos juros está directamente ligada à descida de 27 por cento no preço do petróleo este mês, uma matéria-prima fundamental para o equilíbrio financeiro em países dependentes deste produto para angariarem receitas internacionais e financiarem o desenvolvimento, como é o caso da Nigéria, Angola, que pretendem fazer emissões de dívida pública este ano.

"Hoje em dia ninguém vai olhar para Eurobonds emitidos por países da África subsaariana", resumiu o chefe do departamento de investimentos da Capitulum, em Berlim.

"Se os emissores regulares e os nomes normais não aparecem no mercado, então os estreantes ou com nomes exóticos de África vão ter agora muita dificuldade em emitir dívida", acrescentou Lutz Roehmeyer.

No entanto, o financiamento não está completamente fechado, havendo fontes alternativas, salienta Simon Quijano-Evans: "O FMI disponibilizou 50 mil milhões de dólares para providenciar assistência aos países com baixos rendimentos e dos mercados emergentes que enfrentam perturbações por causa do surto, e essa é uma janela que tem de estar aberta, porque se essa procura existir o FMI e o Banco Mundial vão agir de imediato para ajudar o país que peça", considerou.

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