Cientistas da Universidade de Leeds estudaram as transformações necessárias para manter os níveis de produção agrícola da região, evitando deixar em risco a segurança alimentar e a sobrevivência dos pequenos agricultores da África Subsaariana.
"Este estudo mostra onde, e mais crucialmente quando, é necessário fazer intervenções para impedir que as alterações climáticas destruam fontes vitais de alimentos em África", disse o cientista que coordenou o estudo, Julian Ramirez-Villegas da Universidade de Leeds.
O estudo analisa os resultados prováveis para nove culturas, que constituem 50 por cento da produção alimentar da África Subsaariana, perante um cenário de aquecimento moderado e outro de aquecimento extremo.
Embora seis dos nove produtos devam manter-se relativamente estáveis em cenários de alterações climáticas extremas ou moderadas, o mesmo não acontece com o milho, a banana e o feijão.
Segundo o estudo, 30 por cento das áreas cultivadas com milho e bananas deverão tornar-se inviáveis até ao fim do século, o mesmo acontecendo a 60 por cento dos campos cultivados com feijão.
Na região do Sahel, todas as culturas deverão sofrer transformações até 2050, estimando-se movimentos semelhantes nas regiões sudoeste (Namíbia e Angola) e sudeste (Botsuana, Zimbabué e Moçambique).
A mais vasta área contígua onde será necessário intervir abrange 350 milhões de hectares de feijão entre Angola e a República Democrática do Congo, concluem os cientistas.
As transformações podem passar por melhorias nos sistemas de rega, pela substituição do produto a cultivar ou mesmo pelo abandono da agricultura, dizem os investigadores, segundo os quais as fases preparatórias destas mudanças devem começar muito cedo ou até já deviam estar a decorrer.
"Ajustar as políticas de desenvolvimento agrícola e de segurança alimentar nos países pode demorar anos. O nosso estudo mostra que o tempo está a esgotar-se se queremos transformar a agricultura africana, disse o co-autor Andy Jarvis.