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Presidência angolana da UA deve centrar-se numa agenda de paz “realista” para África, considera analista

O analista angolano para questões internacionais Osvaldo Mboco considera que Angola tem condições para presidir à União Africana (UA), em 2025, devendo gizar uma agenda da paz “realista” para África.

: Facebook MINSA
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De acordo com Osvaldo Mboco, Angola é um dos países africanos que preenche os requisitos necessários para assumir a presidência daquela organização, no próximo ano, porque é Estado-membro e cumpre com as obrigações estatutárias e financeiras da UA.

O também docente universitário sublinhou que a assunção da presidência da UA vai consolidar o papel de Angola enquanto país promotor da paz em África e garante prestígio internacional ao Estado angolano, mas há vários desafios pelo meio, se não quiser simplesmente liderar mais uma organização.

"Angola tem de fazer um trabalho que seja profundo. Tenho estado a defender que Angola precisa gizar aquilo que eu considero a agenda da paz para África, uma agenda que seja exequível, realista, face à situação que o continente atravessa", disse à Lusa o analista.

Osvaldo Mboco considerou que Angola assumir a presidência da UA em 2025 é igualmente estratégico para o Estado angolano, na medida em que o país lusófono tem estado a desdobrar-se em iniciativas visando a paz e segurança a nível regional.

Para o académico, é inalcançável que Angola consiga "ultrapassar todos os focos de instabilidade que o continente atravessa", mas é preciso que tenha esta agenda da paz, mesmo que não seja materializada na sua gestão, mas sim numa próxima presidência, podendo também ser adoptada pela UA como documento orientador.

"O que Angola tem que fazer dentro do quadro dessa agenda da paz é estratificar uma série de conflitos e construir vários vectores, do ponto de vista de negociação e de mediação, que possam concorrer para se estancar alguns conflitos", indicou.

"É preciso Angola começar já agora a realizar esta agenda com apoio de estrategas, que entendem sobre paz e segurança e estabilidade regional, guerra e paz", se quiser consolidar a sua imagem como um país construtor de paz a nível do mundo e em particular em África, defendeu Osvaldo Mboco.

Na sua opinião, Angola deve criar um centro de estudos sobre guerra e paz para estudar a dinâmica dos conflitos, apresentar soluções, fazer diagnósticos e prognósticos e adequar várias doutrinas que hoje já não se ajustam à matriz de conflitos em África.

"Angola poderá consolidar o seu papel enquanto construtivista da paz, não pode ser simplesmente um país construtivista do ponto de vista de mediação, de articulação dos normativos, que fazem a grande diferença do ponto de vista de doutrina sobre esta matéria", frisou.

Para o analista, Angola deve ter também uma agenda económica, porque é fundamental, que, em simultâneo, defenda os seus interesses nacionais, quer os permanentes quer os circunstanciais.

"Ou seja, se Angola presidir à UA em 2025 é fundamental que coloque na agenda de discussão as infra-estruturas de apoio ao comércio, porque tem o Corredor do Lobito, e faz toda a diferença trazer a perspectiva do Corredor do Lobito, como uma infra-estrutura importante para dinamizar o comércio a nível da África Austral, da CEEAC [Comunidade Económica dos Estados da África Central]", acrescentou.

Angola ocupa este ano a primeira vice-presidência da União Africana, primeiro passo para assumir em 2025 a presidência da organização, entregue em 2024 à Mauritânia.

A candidatura de Angola à presidência da UA em 2025 foi anunciada em Janeiro pelo chefe da diplomacia angolana, Téte António.

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