Segundo o ministro de Estado para a Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, Angola também sofreu com a "Operação Lava Jato", que transformou o país sul-americano numa "verdadeira torre de babel", mas Angola nunca deixou de honrar com os compromissos.
"Angola sofreu as consequências disso ["Operação Lava Jato"], mas, independentemente disso, honrou com todos os seus compromissos com os financiamentos que tinha adquirido junto ao Banco de Desenvolvimento Económico e Social do Brasil", disse o governante brasileiro, em Luanda.
O Governo actualmente liderado por Lula da Silva terá agora de "enfrentar o desafio da retórica política lá no Brasil para voltar a fazer financiamentos e investimentos em Angola, para que [o Brasil] possa promover desenvolvimento", respondeu à Lusa.
Em declarações à margem do Fórum Empresarial Agro Brasil-Angola, onde fez o balanço da sua visita de dois dias a Luanda, Fávaro disse que a sua presença em Angola resulta da "determinação" do chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva.
Restabelecer as boas relações diplomáticas, de amizade e comerciais com todo o mundo e, particularmente, com Angola, constitui uma das prioridades do actual Governo, referiu o ministro de Estado, reconhecendo que o seu país passou por um período distante do mundo.
"O Brasil passou um período onde se distanciou do mundo, infelizmente nós reconhecemos (...) e nós estamos com muita determinação restabelecendo as relações diplomáticas", frisou.
O ministro brasileiro deu conta que a sua presença em Angola, tal como acontece em outras missões diplomáticas do seu país acompanhadas de empresários, foi "buscar oportunidades recíprocas para que todos prosperem".
As actuais trocais comerciais entre o Brasil e Angola, que já foram de 4 biliões de dólares anualmente, "caíram muito no anterior Governo" liderado por Jair Bolsonaro, e estão hoje fixadas em 1,4 biliões de dólares, números considerados pelo ministro brasileiro "ainda muito poucos", tendo em conta a relação entre os dois países.
O fluxo comercial entre ambos os países está a ser retomado, argumentou, considerando que a actual balança comercial na ordem de 1,4 biliões de dólares é ainda bastante favorável a Angola.
Angola exporta basicamente petróleo para o Brasil e este país exporta perto de 400 milhões de dólares em alimentos e produtos agro-pecuários para Angola, referiu.
"[O Oceano Atlântico] nos une e não nos separa e é através dele que a gente vai fortalecer as nossas relações comerciais, ampliar e trazer tecnologia, produção aqui, é um fluxo não só comercial, mas também de integração", assegurou Carlos Fávaro.
As potencialidades agrícolas de Angola foram ainda realçadas pelo governante brasileiro, para quem, com a experiência adquirida pelo seu país em 40 anos, não serão necessárias quatro décadas para fazer de Angola uma potência na produção de alimentos.
"Basta a cooperação, a integração, a transferência de tudo o que aprendemos", concluiu.
O ministro de Estado para a Agricultura e Pecuária do Brasil, que terminou na passada Sexta-feira a sua visita a Angola acompanhado de uma delegação de empresários do agronegócio, foi recebido na Sexta-feira em audiência pelo Presidente, João Lourenço.