Questionado sobre o valor deste fundo que serve de garantia para os investidores, o ministro do Planeamento de Angola disse que o fundo será dotado de 120 milhões de dólares, mas salientou que "com engenharia financeira" o valor destas garantias, que podem também ser empréstimos para investimentos, poderá aumentar.
O corredor do Lobito vai ligar o porto de Lobito, em Angola, e a Zâmbia, passando, a norte, pela República Democrática do Congo (RDCongo), numa via férrea que será alargada e, na parte já construída, melhorada.
O corredor, disse o governante, é visto de maneira diferente consoante se trate da comunidade internacional, ou dos próprios angolanos: "Para a comunidade internacional, o corredor não é mais do que ir buscar minerais estratégicos à Zâmbia e à RDCongo, e usar o caminho de ferro de Benguela para escoar para o Ocidente e para a América, mas nós vemos o corredor numa outra dinâmica", disse.
Para o governo, o Corredor do Lobito "é um projecto mais integrado e estruturado que será aproveitado para benefícios específicos de Angola", que passam pela utilização do trajecto para escoar a produção nacional e criar polos económicos ao longo da linha que atravessa o país longitudinalmente.
O objectivo é "chamar os investidores para investirem ao longo desta linha, desenvolverem a indústria de transformação mineira e criar escolas técnicas e tecnológicas para dar suporte ao que estiver ao longo do corredor", disse Victor Hugo Guilherme.
O projecto, que tem atraído bastante interesse dos investidores internacionais, nomeadamente dos Estados Unidos da América e da União Europeia, deverá, segundo o governante, depois ser replicado também mais a sul de Angola, aproveitando o conhecimento acumulado com o desenvolvimento da iniciativa no centro do país.
"O corredor do Lobito corta o país em duas partes, mas queremos, dentro do plano de desenvolvimento do transporte ferroviário, lançar o corredor do Namibe, que vai do porto de Moçâmedes até à província de Cuando Cubango; vamos lançar o projecto como se fosse uma cópia do corredor do Lobito, dentro em breve vamos licitar esse corredor para equilibrar o que estamos a fazer no centro com aquilo que vamos fazer no sul", concluiu o governante.
O Corredor do Lobito é o primeiro corredor económico estratégico lançado sob a égide da Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global do G7 (PGI), em Maio de 2023, a que se seguiu a assinatura de uma declaração conjunta entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos da América (EUA), à margem da Cimeira do G20 de Setembro de 2023 em Nova Deli, de apoio ao desenvolvimento do Corredor.
Em Outubro do ano passado, durante o Fórum Global Gateway, a UE e os EUA assinaram – em conjunto com Angola, a RDC, a Zâmbia, o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB) e a Corporação Financeira Africana (AFC) - um Memorando de Entendimento (MoU) para definir os papéis e objectivos para a expansão do Corredor.
A AFC é a promotora principal do projeto que vai ligar os três países africanos, e prevê-se que a linha férrea crie benefícios económicos de aproximadamente 3 mil milhões de dólares para os países, reduza as emissões atmosféricas em cerca de 300 mil toneladas por ano, e crie mais de 1250 postos de trabalho durante a sua construção e as operações.