Ver Angola

Política

UNITA satisfeita com JL pelos sinais de mudança desejados pelos angolanos

O líder da UNITA felicitou o facto do Presidente João Lourenço ter entendido, ao fim de 100 dias de governação, o clamor do povo, com sinais de que "pretende corresponder aos anseios dos angolanos pela mudança".

António Pedro Santos:

Isaías Samakuva discursava na abertura da III reunião da Comissão Permanente da União Nacional para a Independência de Angola (UNITA), que encerra no Sábado.

Na sua intervenção, o líder da UNITA reconheceu ainda que, apesar de João Lourenço "ter sido eleito pela CNE (Comissão Nacional Eleitoral) a mando do partido Estado, tem se comportado até aqui como Presidente de uma República e não como presidente imposto por uma oligarquia, que sequestrou o partido Estado".

O dirigente político disse ainda que agora os angolanos esperam que o chefe de Estado "passe da teoria à prática".

Segundo Isaías Samakuva, por vários anos, a UNITA foi denunciando as práticas de corrupção que o país enfrenta, contribuindo para a formação da opinião pública e da consciência nacional e política, rumo à mudança.

Hoje, de acordo com Samakuva, "os angolanos estão a testemunhar, pela primeira vez, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) a fazer meia culpa e vir reconhecer, finalmente, que foi ele quem instituiu a corrupção em Angola".

No seu discurso, Isaías Samakuva recorda que antes das eleições, "a grande maioria dos angolanos tinha decidido mudar o rumo do país", sentimento que foi percebido pelo MPLA, "que, para sobreviver, não teve outra alternativa senão abraçar o sentimento nacional de mudança".

Isaías Samakuva disse ainda que estão enganadas as pessoas que dizem hoje "erradamente" que o Presidente deixou a oposição sem discurso, porque é João Lourenço "que vem ao encontro dos anseios do povo por mudança".

"E é assim que deve ser. Se o Presidente adopta como agenda do Estado a agenda do povo, então concretiza-se a democracia, porque a democracia significa governo do povo, pelo povo e para o povo", encorajou.

De acordo com o dirigente da UNITA, os angolanos esperam que o Presidente actue e que o líder do MPLA instrua a sua bancada parlamentar para solicitar ao Tribunal Constitucional a anulação do acórdão que impede o parlamento de fiscalizar o executivo, que o partido no poder viabilize na Assembleia Nacional "os sucessivos pedidos da UNITA para a constituição de comissões parlamentares de inquérito para fiscalizar os actos do executivo".

Para o maior partido da oposição, os actos do chefe de Estado devem igualmente reflectir na apresentação ao país do relatório, que terá recebido do seu antecessor, o ex-Presidente José Eduardo dos Santos, sobre o estado das finanças públicas, "em particular a indicação expressa sobre onde estão os cerca de 130 mil milhões de dólares que o parlamento colocou sob sua guarda entre 2011 e 2014".

O referido montante representa reservas especiais criadas fora do Orçamento Geral do Estado, com base no diferencial entre o preço real do barril de petróleo vendido e o preço utilizado nos cálculos do orçamento geral do Estado (OGE) e registado nas contas do Estado.

A UNITA reclama que naquela altura o ex-Presidente escreveu nas propostas de leis que aprovaram os OGE que o parlamento colocava as reservas criadas sob sua exclusiva gestão, mas na prestação de contas "não evidenciou com igual destaque o destino dado a tão avultadas somas".

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.