Maria Juliana de Fontes Pereira intervinha esta Terça-feira na terceira edição da Conferência de Sustentabilidade na Banca, promovida pela Associação Angolana de Bancos (Abanc), que decorre sob o tema "Financiamento Sustentável e a Importância de uma Taxonomia Climática e Social para Angola".
Segundo a vice-governadora do banco central, tem sido fundamental a cooperação com o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o banco central de França para o reforço das capacidades internas do BNA, no quadro dos seus pilares estratégicos, governação corporativa, política, monetária, de regulação e supervisão prudencial.
"Este apoio tem permitido ao BNA desenvolver ferramentas e metodologias robustas que asseguram uma abordagem transversal à sustentabilidade, tanto nas suas operações internas como no papel catalisador que exerce sobre o sistema financeiro nacional", frisou Maria Juliana de Fontes Pereira.
Em declarações à imprensa, a vice-governadora do BNA disse que são apoios sobretudo ligados à formação, o principal foco neste momento do banco central angolano, para "nivelar as equipas" e para repassar ao sistema novas estratégias adquiridas destas instituições, já muito avançadas nestas matérias.
Por sua vez, o presidente da Abanc, Mário Nascimento, referiu que a sustentabilidade deixou de ser um tema marginal ou nicho, sendo hoje uma exigência dos mercados, dos reguladores, dos investidores e das gerações futuras.
Mário Nascimento destacou que o banco central angolano já publicou regulamentação, entregando explicitamente factores ambientais, sociais e de governação na gestão de riscos de créditos, exigindo reporte anual de sustentabilidade às instituições bancárias, enquanto, por sua iniciativa, os bancos comerciais já publicam relatórios de sustentabilidade.
"Por sua vez, começámos a assistir a exigências de alguns correspondentes internacionais, nomeadamente parceiros de 'clearing' em USD [dólar] e euros, em especial, bancos europeus e norte-americanos, que condicionam a disponibilização de linhas de financiamento a processos robustos de gestão ambiental e social", salientou.
De acordo com o presidente da Abanc, a cooperação técnica que alguns bancos têm com o UFC, demonstra que a banca angolana já está a responder, antecipando a requisitos das directivas europeias das melhores práticas internacionais.
"Esses avanços mostram que a sustentabilidade já deixou de ser uma opção para passar a ser um critério de competitividade, para acesso a capital, para manutenção de correspondentes e para reforço da confiança dos investidores", sublinhou.
Apesar dos progressos, falta uma linguagem comum, considerou Mário Nascimento, "que dê clareza ao mercado sobre o que é ou não é actividade sustentável em Angola".
Aos jornalistas, Mário Nascimento frisou que ainda não existe um quadro regulatório que aborde a questão da sustentabilidade, apenas existem algumas exigências do Banco Nacional de Angola para esse tema, nomeadamente o tema dos riscos climatéricos e sociais, "mas não num quadro estruturado".
Para o presidente da Abanc, o tema da sustentabilidade exige uma linguagem comum, uma linha de orientação sobre o impacto.
Referindo-se à situação do sector bancário angolano, o presidente da Abanc sublinhou que as preocupações coincidem com o resto da economia do país, designadamente o desenvolvimento e crescimento económico.
Segundo o responsável, o sector bancário tem contribuído para a diversificação económica, financiando o sector real da economia e capacitando as empresas do ponto de vista financeiro.