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UNITA admite recorrer aos tribunais para poder fiscalizar Executivo

O grupo parlamentar da UNITA, o maior partido da oposição, admitiu Quarta-feira recorrer aos tribunais para que seja restituído aos deputados o direito de fiscalizar as acções do Executivo, liderado pelo MPLA.

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A intenção foi anunciada Quarta-feira em Luanda, em conferência de imprensa, a propósito do indeferimento da Assembleia Nacional a um pedido do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) para a constituição de duas comissões parlamentares de inquérito ao incidente em Capupa e à gestão da petrolífera Sonangol.

A UNITA solicitou a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito aos incidentes que envolveu militantes e deputados do partido em Capupa, província de Benguela, em Maio, que terminaram com três mortos.

O líder da bancada parlamentar do partido, Adalberto da Costa Júnior, disse que a sua bancada vai contestar a resposta dada pelo parlamento.

A Assembleia Nacional, na sua resposta considera inconstitucional a solicitação da UNITA porque "já não pode realizar inquéritos parlamentares aos actos e actividades do Executivo, bem como das demais instituições públicas".

O maior partido da oposição considera que a Constituição é a lei suprema da República de Angola, por isso a norma constitucional é superior a qualquer norma infraconstitucional, sob pena de gerar inconstitucionalidade.

"Não se pode limitar o mandato de um deputado, a título nenhum. Não se pode alegar um acórdão de um Tribunal Constitucional que limite a soberania do povo, a título nenhum", afirmou o dirigente da UNITA.

Adalberto da Consta Júnior considerou inadmissível que na resposta dada pela Assembleia Nacional, entre outras questões, tenha sido alegada a necessidade de poupança de recursos para o parlamento não efectuar a comissão paramentar de inquérito às questões de Capupa.

Sobre a Sonangol, a Assembleia Nacional argumentou que "pelo facto de o inquérito solicitado pelo Grupo Parlamentar da Unita visar investigar actos de uma entidade pertencente à administração indirecta do Estado, superintendida e tutelada pelo Presidente da República e titular do poder executivo e por demais razão é inconstitucional e não pode ser aceite".

Para os deputados da UNITA, não parece sério este argumento, por criar a ideia de que o Presidente da República e a Sonangol são duas entidades distintas do Estado "ou no mínimo duas entidades que gravitam à volta do Estado angolano".

"É verdadeiramente e para todos os efeitos uma estranha formulação", considerou Adalberto da Costa Júnior.

"Quando a Assembleia Nacional, ao nível daqueles que a dirigem, não cumpre com o seu mandato está também a responsabilizar-se pela ida para fora da assembleia do debate que devia ser feito no seu interior. Com isto estamos a dizer que começamos a entender que temos que fazer prosseguimento da busca da justiça através dos tribunais", disse o líder da bancada parlamentar da UNITA.

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