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Centenas de comissários eleitorais da oposição questionam processo

Mais de 700 comissários eleitorais afectos aos partidos da oposição, de todos os municípios do país, subscreveram uma petição dirigida ao parlamento pedindo esclarecimentos sobre o registo eleitoral, supervisão do processo e competências eleitorais do Presidente da República.

João Relvas:

A informação consta de um comunicado, enviado Sexta-feira à agência Lusa, em Luanda, com as "dúvidas" destes membros da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), afectos à UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA, todos os partidos da oposição representados na Assembleia Nacional, sobre a "legitimidade do registo eleitoral para as eleições de 2017".

Em causa, explicam no documento remetido Quinta-feira ao presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, está a atribuição "ao Titular do poder executivo" - Governo do MPLA -, através do Ministério da Administração do Território (MAT) e das administrações municipais, de "competências eleitorais", por legislação aprovada também no parlamento.

As mesmas competências que, segundo os subscritores, a Constituição "já atribui à CNE, um órgão constitucional independente do poder Executivo, não integrado na administração directa e indirecta do Estado, a quem incumbe organizar, executar, coordenar e conduzir os processos eleitorais para a eleição do Presidente da República e dos deputados à Assembleia Nacional", lê-se no comunicado.

Em concreto, as competências que segundo estes comissários colidem com as da CNE vão desde a emissão do cartão de eleitor, custódia dos programas e ficheiros do registo eleitoral ou a "faculdade de restringir direitos fundamentais dos cidadãos".

Os autores da petição levam ao parlamento 17 perguntas com "impacto na validade e legitimidade dos actos eleitorais previstos para 2017", mas também "no exercício do direito de participação política dos cidadãos e nas atribuições e competências da CNE".

Enfatizam que, enquanto "titulares do órgão legitimador do exercício do poder político", têm a competência para "conferir aos processos eleitorais a legitimidade, lisura e democraticidade requeridos pela Constituição".

A CNE recebeu na Segunda-feira a documentação sobre o processo de actualização do registo eleitoral preparado pelo MAT, que propõe para 15 de Agosto o arranque da actividade.

O ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, entregou ao presidente da CNE, André da Silva Neto, o relatório de actividade desenvolvido pelo MAT sobre o registo eleitoral oficioso e a proposta da data em que deve iniciar o processo.

Em declarações à imprensa, no final daquele ato, André da Silva Neto disse que nos dez dias seguintes a CNE poderá emitir o seu parecer sobre o período de realização do registo eleitoral.
Da parte da CNE, André da Silva Neto garantiu que estão criadas as condições para a supervisão do referido processo.

Por sua vez, Bornito de Sousa disse que na apreciação do MAT estão criadas as condições para que o Presidente da República estabeleça um período para a realização do registo eleitoral.

Segundo o governante, o processo observa dois momentos, iniciando com a actualização dos cerca de nove milhões de leitores, já existentes na base de dados, seguindo-se o registo de cerca de 1,5 milhões de novos eleitores.

"O outro momento é o registo de novos eleitores, aqueles cidadãos que a partir de 2012, completaram 18 anos, em relação a esses vai-se fazer o registo pela primeira vez", explicou.

Para os cidadãos sem Bilhete de Identidade, um dos documentos para a realização do registo, o ministro frisou que nesses casos, a prova testemunhal será válida.

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