Ver Angola

Comércio

Banco Alimentar Contra a Fome: angolanos são solidários, mas não voluntários

Desde 2012 que o Banco Alimentar Contra a Fome Angola organiza campanhas de recolha de bens alimentares que depois fazem chegar aos cidadãos mais carenciados. Nas últimas campanhas de angariação, os angolanos têm-se revelado um povo solidário. No entanto, para ajudar a desenvolver este trabalho louvável são necessários mais voluntários. Uma tarefa que não se tem revelado fácil segundo Henrique Nunes, um dos fundadores e actual director operacional do Banco Alimentar. Ainda existe um extenso caminho a percorrer no que diz respeito ao trabalho de voluntariado e qualificação do mesmo. A aguardar por melhores dias continua também a construção da nova sede da instituição.

:

Como surgiu o Banco Alimentar Contra a Fome Angola e como se tem desenvolvido a sua actividade em território nacional?

Surgiu após o meu conhecimento da obra do comandante José Vaz Pinto, fundador do Banco Alimentar Contra a Fome em Portugal. Depois de o contactar comecei a envidar esforços, há mais de 14 anos, com o então bastonário da Ordem dos Advogados de Angola, Manuel Gonçalves, para adaptar os estatutos do Banco Alimentar à legislação angolana. Mais tarde, e pela amizade que me une à Albina Assis, convidei-a para ser presidente do Banco Alimentar Contra a Fome Angola. Com ela e mais 14 angolanos cheios de boa vontade o Banco Alimentar Contra a Fome Angola foi constituído em 2012. Uma instituição que tem como objectivo recolher bens alimentares junto da sociedade civil, com maior poder de compra e espírito solidário, através de duas campanhas anuais realizadas nas grandes superfícies comerciais. O objectivo é distribuir, depois, esses bens junto das associações protocoladas com o Banco Alimentar.

Quais as principais acções que promove e em que áreas?

A recolha e distribuição da comida angariada nas campanhas, assim como outras doações de entidades nacionais e internacionais.

Quantas campanhas de recolha de alimentos realizam por ano e em que locais?

Realizamos duas campanhas por ano nos estabelecimentos Gika, Maxi, Intermarket, Martal, Casa dos Frescos e Candando.

Quais os resultados obtidos na última recolha de alimentos? A quantidade de bens doados foi superior ou inferior relativamente à anterior angariação? Para quando está agendada a próxima recolha?

Na última campanha foram recolhidas seis toneladas de alimentos distribuídas da seguinte forma: Candando - 1,914 quilos; Kero Gika - 852 quilos; Maxi Morro Bento - 768 quilos; Kero Talatona - 700 quilos; Kero Morro Bento - 672 quilos; Maxi Maianga - 619 quilos; Intermarket - 245 quilos; Casa dos Frescos Talatona - 146 quilos; e Casa dos Frescos Vila Alice - 87 quilos.

A quantidade de bens angariados foi semelhante à da anterior campanha, registando-se alguma alteração no mix dos produtos doados. A próxima recolha de alimentos decorrerá nos dias 3 e 4 de Junho de 2017.

Nas acções que promove a instituição conta com a ajuda de muitos voluntários?

Infelizmente não. Vamos ter que criar motivações junto da sociedade civil que tanto contribui na altura das doações mas que, dificilmente, se engaja a acções de trabalho voluntário.

Na hora de ajudar, o povo angolano mostra-se solidário e contribui ou notam alguma relutância?

A maioria das pessoas adere desde que devidamente informadas sobre o que é o Banco Alimentar porque, por vezes, confundem o nosso organismo com uma instituição financeira. Além disso, mostrando a relação de bens que se entregam e a quem a maioria adere.

As angariações que organizam são suficientes para suprir as necessidades de todos os que recorrem ao Banco Alimentar?

Para o número actual de associações com quem temos protocolo e com uma boa gestão, dá um contributo muito grande para as necessidades do ano. No entanto, queremos chegar a mais instituições como o Beiral e outras. Mas, para isso, temos que aumentar o número de voluntários do Banco Alimentar e qualificá-los para melhor comunicarem com as pessoas que fazem as doações.

Desde o processo de angariação dos bens, que passos são dados até à entrega definitiva dos alimentos à população?

Tudo começa com a pesagem num centro de recepção das recolhas. Nas duas últimas campanhas, o centro de recepção funcionou no parque de estacionamento do Maxi Morro Bento. Ao longo de dois dias vão-se pesando as recolhas conseguidas por superfície comercial. Depois de pesadas, as doações são separadas por tipo de produto. Segue-se a distribuição desses bens de acordo com o número de utentes de cada associação e caracterização dos mesmos, como por exemplo, crianças de tenra idade (Boa Nova), jovens (Horizonte Azul, Arnaldo Jansen, Don Bosco, Divina Providência, etc.) ou os mais velhos (AASTI - Associação de Amizade e Solidariedade para com a Terceira Idade).

Como são escolhidas as instituições a quem são doados bens pelo Banco Alimentar Angola? Quais os critérios e requisitos que prevalecem nessa selecção?

São instituições com vários anos de existência, apoiadas pela Igreja Católica ou por grupos de pessoas reconhecidas, que têm cozinha e que transformam os alimentos doados em pratos de comida, com excepção da AASTI que tem as pessoas internas.

Que apoios recebe o Banco Alimentar Angola por parte de entidades privadas e estatais?

Temos um único apoio financeiro para as despesas das campanhas e de logística concedido pelo Banco de Fomento Angola. Para além disso, contamos com o apoio da agência Back nas acções de informação e divulgação junto dos media.

Além da recolha de alimentos, que outras acções tem a instituição realizado?

O Banco Alimentar tem desenvolvido duas outras acções. Uma delas consiste em visitas ao Hospital Pediátrico onde entregamos lanches e brinquedos. A outra é a Oficina de Leitura e Artes que, aos Sábados, no passeio da Samba, com o apoio da Lev'Arte, oferece uma actividade de leitura de histórias e contacto com os livros para as crianças da zona da Samba Rocha Pinto.

As novas instalações do Banco Alimentar já estão a funcionar?

Não, porque os apoios para a construção não se concretizaram. É um projecto que vai demorar mais algum tempo. Esperamos que em 2017 esta situação tenha alguma melhoria e que consigamos obter os apoios necessários.

Quais os próximos projectos do Banco Alimentar de Angola?

Criar um núcleo em Benguela e outro no Lubango.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.