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Chefes da diplomacia da RDCongo e do Ruanda reúnem-se Sábado em Luanda

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo (RDCongo) e do Ruanda, bem como representantes dos serviços de inteligência dos dois países vão encontrar-se em Luanda no próximo Sábado, anunciou João Lourenço.

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O chefe de Estado, que interveio esta Quarta-feira, por videoconferência, na reunião da Mesa da Assembleia da União Africana (UA), considerou que os últimos acontecimentos na fronteira entre a RDCongo e o vizinho Ruanda são preocupantes e insistiu no regresso ao diálogo.

"A situação é de facto bastante tensa. As partes devem dialogar", sublinhou João Lourenço, citado pela Angop.

João Lourenço reconheceu não haver, neste momento, ambiente para as duas partes dialogarem ao nível de chefes de Estado, tendo sido estabelecido que no próximo Sábado os serviços de inteligência dos dois países e o de Angola se encontrem em Luanda.

A intenção é aferir, "do ponto de vista técnico, o que está realmente a acontecer no terreno", explicou. "Vamos, igualmente, reunir, em Luanda, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, também no próximo Sábado", acrescentou Joao Lourenço.

"A porta do diálogo deve estar sempre aberta a todos os níveis, serviços de inteligência, militares, diplomacia e dos próprios chefes de Estado", frisou.

O ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, deslocou-se recentemente a Kinshasa (RDCongo) e a Kigali (Ruanda) onde se encontrou com os Presidentes dos dois países, respetivamente, Félix Tshisekedi e Paul Kagame.

O Presidente da República manifestou-se também satisfeito pelo facto de o Quénia "dar mais um passo para a solução deste conflito que coloca em lados opostos dois países irmãos" e apelou à conjugação de esforços para se pôr cobro à crescente tensão que se verifica nas últimas semanas entre os dois países.

Lamentou igualmente a expulsão do embaixador do Ruanda pelas autoridades de Kinshasa, afirmando que a RDCongo está "muito sentida" com o que está a acontecer no seu próprio território, e exortou à máxima contenção nas medidas a tomar pelos dois países, segundo a Angop.

Angola preside à Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), bloco geográfico ao qual pertence a RDCongo e, nessa condição, João Lourenço, mandatado pela União Africana para mediar o conflito, tem tomado iniciativas para alcançar a paz.

A tensão entre a RDCongo e o Ruanda cresceu nos últimos meses, após o reinício, em Março, dos combates entre o exército da RDCongo e o Movimento 23 de Março (M23), que segundo as autoridades de Kinshasa é apoiado pelo país vizinho.

O Quénia anunciou o envio de militares das Forças de Defesa do Quénia (KDF) para o leste da RDCongo, numa operação regional para combater o grupo rebelde congolês M23.

As tropas do exército queniano fazem parte de uma operação especial enviada pela Comunidade da África Oriental para combater a insegurança, especialmente nas províncias do Kivu do Norte, Kivu do Sul e Ituri. Esta será a segunda acção no terreno, após o Burundi ter enviado um contingente em 15 de Agosto.

Mais de cinco milhões de pessoas, dois milhões das quais na província do Kivu Norte, foram forçadas a abandonar as suas casas devido a um elevado aumento da insegurança e violência no leste da RDCongo, nos últimos dois anos.

Os rebeldes são acusados desde Novembro de 2021 de realizar ataques contra posições do exército no Kivu do Norte, apesar de as autoridades congolesas e o M23 terem assinado um acordo de paz em Dezembro de 2013, na sequência de combates desde 2012 com o exército, que foi apoiado pelas tropas da ONU.

O M23, constituído principalmente por tutsis, voltou a pegar em armas em 2021 e já conseguiu tomar as cidades de Kiwanja e Rutshuru, localizadas ao longo da estrada principal que serve Goma. Peritos da Organização das Nações Unidas (ONU) acusaram o Uganda e o Ruanda de apoiarem os rebeldes, embora ambos os países o tenham negado.

A tensão renovada alarmou a comunidade internacional, tendo a UA apelado a um cessar-fogo.

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