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Petróleo agrava crise financeira na TAAG

A nova administração da transportadora aérea TAAG, que passou a ser gerida pelos árabes da Emirates, admite que a companhia vive a "maior crise financeira" de sempre com a progressiva queda de receitas.

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A posição consta de um documento distribuído numa reunião de directores da transportadora pública, e entretanto divulgado publicamente, em que se reconhece que "os prejuízos acumulados durante muitos anos" eram até agora cobertos "por subsídios do Governo".

"Dada a actual situação económica do país, o Governo não está apto a suportar o apoio suficiente para cobrir as nossas necessidades de tesouraria. Com a queda das receitas de passageiros e carga, o desafio torna-se maior cada mês que passa", reconhece a administração, no mesmo documento, numa alusão à crise financeira em Angola, decorrente da quebra das receitas fiscais com a exportação de petróleo.

Ao reconhecer que a TAAG "enfrenta a maior crise financeira na sua longa e notável história", a administração, liderada desde Setembro pelo inglês Peter Murray Hill, refere mesmo que "um dos primeiros sacrifícios" da empresa passa por todos aceitarem que "este mês e provavelmente o próximo”, apenas será possível “pagar o salário base".

"No devido tempo, quando a nossa posição de tesouraria o permitir, pagaremos os montantes pendentes", lê-se ainda, sem concretizar, quando será liquidado o pagamento do subsídio de Natal aos trabalhadores.

No documento, a administração transmite uma mensagem com várias ideias, nomeadamente que será necessário "trabalhar arduamente" e "fazer sacrifícios” para manter os postos de trabalho.

"Quando percorremos diversas áreas da companhia, encontramos muitos excessos, equipamentos em duplicado, armazéns com enormes quantidades de tudo", refere a administração, prometendo ao mesmo tempo que as mudanças em preparação representam o "início de uma nova cultura na TAAG".

"Não haverá retorno aos velhos tempos de performance indiferente, enganar a companhia, apropriação indevida dos fundos da companhia e equipamentos, etc", lê-se.

O Governo angolano e a Emirates Airlines assinaram este ano um contrato de gestão, prevendo a introdução de uma "gestão profissional de nível internacional" na TAAG, a melhoraria "substancial da qualidade do serviço prestado" e o saneamento financeiro da companhia angolana, que em 2014 registou prejuízos de 99 milhões de dólares. Em contrapartida, no âmbito do Contrato de Gestão da transportadora pública angolana celebrado com a Emirates para o período entre 2015 e 2019, prevê-se dentro de cinco anos resultados operacionais positivos de 100 milhões de dólares.

Além de Peter Murray Hill, a Emirates indicou os administrados executivos Vipula Gunatilleca (área financeira e administrativa), Patrick Rotsaert (área comercial) e Donald Hunter (área das operações) da TAAG.

O ministro dos Transportes, Augusto Tomás, traçou em Setembro o objectivo de a TAAG ultrapassar os 3,3 milhões de passageiros transportados anualmente a partir de 2019, com o reforço das ligações internacionais, nomeadamente para a Europa, com a gestão da Emirates.

A formação de quadros angolanos no Dubai, na academia da Emirates, e a introdução de uma "gestão profissional de nível internacional" são objectivos deste contrato, que assenta na reestruturação financeira da TAAG, com a meta da facturação anual a passar de 700 milhões de dólares em 2014 para 2,3 mil milhões de dólares dentro de cinco anos.

O novo conselho de administração é composto ainda por quatro elementos não-executivos, nomeados pelo Estado angolano.

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