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BFA: sem petróleo, qualidade de vida dos angolanos piora

O economista-chefe do Banco Fomento Angola (BFA) considerou que não há alternativa à utilização do petróleo para financiar a diversificação económica em Angola e que é preciso investimento de capital para sustentar a transição energética.

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"Não há grande alternativa para a economia angolana, tem de contar com as receitas do petróleo para financiar a diversificação e permitir o desenvolvimento de uma economia em que haja outras exportações para além do petróleo", disse José Miguel Cerdeira.

Em entrevista à Lusa a propósito da conferência Angola Oil & Gas, que decorre esta semana em Luanda, o economista-chefe do BFA sustentou que apesar da transição energética e da diversificação económica estarem a avançar em Angola, o país está ainda muito dependente não só das receitas do petróleo em termos de valor, mas também do que representa para a qualidade de vida dos angolanos.

"O petróleo é importante pelo que representa e pelas divisas que traz, porque havendo menores divisas estrangeiras, o câmbio deprecia ou há escassez e isso piora a qualidade de vida e o poder de compra dos angolanos", apontou, acrescentando que também para as empresas o impacto é negativo.

"A capacidade das empresas financiarem a sua actividade fica muito condicionada com receitas petrolíferas mais baixas", salientou, notando que apesar das exportações de bens angolanos ou a substituição das importações estar a aumentar, esse processo vai demorar ainda largos anos.

"Oxalá que haja ainda 15 ou 20 anos de exportações petrolíferas relevantes em termos de valor, porque se as exportações não petrolíferas e não diamantíferas valem 50 milhões de dólares por mês, isso é pouquíssimo comparado com as importações de 1,2 mil milhões de dólares por mês", explicou.

O economista exemplificou que "se essas exportações crescerem ao ritmo a que cresceram até 2021, vão precisar de cinco anos para chegar aos 100 milhões de dólares, que é o nível dos diamantes, e 10 anos para representarem um terço das importações actuais".

O petróleo, por isso, vai continuar a ser central para a economia angolana: "Se não for assim, a condição de vida das pessoas que precisam de importar bens e serviços será ainda pior, além da condição muito difícil em que vivem agora as famílias angolanas, seria pior e de crise, porque o país está dependente do que o mercado ditar sobre o preço do petróleo", concluiu.

A Conferência Angola Oil & Gas realiza-se no Centro de Convenções Talatona na Quarta e Quinta-feira e assume-se como "o principal evento de Angola para o sector petrolífero e de gás, tendo o apoio do Ministério dos Recursos Naturais, Petróleo e Gás, da Sonangol, da Câmara Africana de Energia e dos Instituto Regulador dos Derivados de Petróleo.

Com o tema 'Impulsionar a Exploração e o Desenvolvimento Rumo ao Aumento da Produção em Angola', a conferência reúne toda a cadeia de valor do sector para debater o caminho a seguir para a indústria, lê-se no site da conferência, que lembra que no ano passado foram recebidos mais de 2200 delegados de 41 países e assinados sete acordos.

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