"Já arrancámos com os grupos de trabalho, juntamente com o IGAPE [Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado], de Angola, para a preparação do IPO", afirmou o presidente do banco, João Pedro de Oliveira e Costa, em conferência de imprensa, em Lisboa.
Segundo o presidente do banco, do grupo Caixabank, a previsão é que a operação ocorra no primeiro semestre de 2025.
"Estamos naquela fase de selecção dos 'advisors' internacionais que nos irão apoiar na elaboração do próprio caderno", assinalou o presidente do banco.
Apesar de o banco acreditar que há investidores interessados, João Pedro Oliveira e Costa sublinhou que a inclusão de Angola na lista cinzenta do Gafi poderá ser "algo condicionante" no processo.
O Grupo de Acção Financeira (Gafi), uma organização que luta contra o branqueamento de capitais, anunciou no passado dia 25 que incluiu Angola na sua "lista cinzenta", como é conhecida a relação de países que ficam com monitorização reforçada pela entidade.
"Lamentamos que isso tenha ocorrido, mas vamos prosseguir o nosso caminho", sublinhou, apontando que o executivo tem adoptado as medidas necessárias para sair desta lista.
Ainda assim, João Pedro Oliveira e Costa sublinhou que o objectivo do BPI é "neste processo e a seguir, vender 100 por cento da posição" que detém no BFA.
"Nós entendemos a IPO como um caminho para sair da posição que temos, que foi anunciado variadíssimas vezes", disse.
Considerando que o mercado africano pode colocar algumas dificuldades a um sector tão regulamentado como a banca, o presidente do banco admitiu que vê "com muita dificuldade aparecerem investidores internacionais do mesmo sector".
O Estado detém, indirectamente, 51,9 por cento das acções do BFA, através da operadora de telecomunicações Unitel, e o restante 48,1 por cento do capital do banco pertence ao grupo português BPI, que já tentou anteriormente reduzir a sua participação neste banco.
A IPO deverá levar à entrada em bolsa do equivalente a 30 por cento das acções do BFA.
Estas acções devem ser vendidas através de uma operação na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA).
Inicialmente previsto para o período 2019-2022, com um total de 195 activos públicos por privatizar, o PROPRIV foi prorrogado para o período 2023-2026, por intermédio do Decreto Presidencial n.º 78/23 de 28 de Março.
O BPI apresentou esta Quinta-feira os resultados do terceiro trimestre deste ano, acumulando lucros de 444,1 milhões de euros desde o início do ano, uma subida de 14 por cento em termos homólogos.
A margem financeira do grupo, que inclui a actividade em Portugal, Angola (BFA) e Moçambique (BCI), atingiu 738,4 milhões de euros até Setembro, numa subida de 6 por cento em termos homólogos.
O BFA contribuiu com cerca de 39 milhões de euros para os lucros do grupo, numa redução de 8 por cento face ao mesmo período de 2023. No entender de João Pedro Oliveira e Costa, a diminuição da contribuição angolana deve-se à desvalorização da cotação do kwanza.